São Paulo, Quinta-feira, 27 de Maio de 1999
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Ouça a nova gravação:
conversa entre Pedro Malan e André Lara Resende
Fischer nega ter feito pedido

MARCIO AITH
de Washington

O diretor-gerente-adjunto do FMI (Fundo Monetário Internacional), Stanley Fischer, negou ontem ter visto com antecipação, pedido para ver ou solicitado alterações no discurso que o presidente Fernando Henrique Cardoso fez no Itamaraty no dia 23 de setembro de 1998.
"Nós não vimos o discurso do presidente e, tanto quanto eu saiba, não pedimos para vê-lo nem solicitamos mudanças nesse discurso, já que nunca o vimos", disse Fischer ontem à Folha.
Fischer viu uma tradução em inglês, feita por sua assessoria, de parte da transcrição da conversa entre o ministro Pedro Malan (Fazenda) e o ex-presidente do BNDES André Lara Resende.
Questionado sobre quais razões teriam levado Malan e André Lara Resende a mencionar seu nome numa conversa telefônica e a intenção do FMI de ver o discurso de FHC com antecipação, ele disse não ter visto, na conversa, nenhuma indicação clara de que tal pedido tivesse sido realmente feito.
"Não achei que um pedido tenha sido mencionado. Deve ser um erro de tradução ou alguma outra coisa", afirmou.
Na fita obtida pela Folha, o ministro Malan diz a Resende que o FMI e o Tesouro dos EUA "querem ter acesso antes" (ao discurso), "estão quase dizendo "nos deixem ler antes'".
Segundo homem na hierarquia do FMI, Fischer disse que o fundo estava interessado somente nas políticas econômicas brasileiras e esse foi o único assunto discutido na época.
"Considerando que o presidente faria um discurso anunciando novas políticas econômicas, seria natural que perguntássemos quais seriam. Mas nunca pedimos para ver o discurso."
Fischer disse que a gravação não representa um problema e que não vai afetar a situação econômica no país nem a relação entre o Brasil e o FMI. "Se isso é o tipo de coisa que transforma as coisas no Brasil, eu simplesmente não acredito. Esse é um assunto inventado, fabricado."
Fischer afirmou que comentou o assunto com a Folha em caráter de exceção. "Normalmente não comento informações extraídas de documentos vazados. Só estou falando desta vez porque me disseram que esse é um grande assunto no Brasil e porque eu disse sim antes de pensar. Agora que pensei sobre o assunto não vou fazer isso novamente. Nunca mais."


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