|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ouça a nova gravação: conversa entre Pedro Malan e André Lara Resende
|
Fischer nega ter feito pedido
MARCIO AITH
de Washington
O diretor-gerente-adjunto do
FMI (Fundo Monetário Internacional), Stanley Fischer, negou ontem ter visto com antecipação, pedido para ver ou solicitado alterações no discurso que o presidente
Fernando Henrique Cardoso fez
no Itamaraty no dia 23 de setembro de 1998.
"Nós não vimos o discurso do
presidente e, tanto quanto eu saiba, não pedimos para vê-lo nem
solicitamos mudanças nesse discurso, já que nunca o vimos", disse
Fischer ontem à Folha.
Fischer viu uma tradução em inglês, feita por sua assessoria, de
parte da transcrição da conversa
entre o ministro Pedro Malan (Fazenda) e o ex-presidente do
BNDES André Lara Resende.
Questionado sobre quais razões
teriam levado Malan e André Lara
Resende a mencionar seu nome
numa conversa telefônica e a intenção do FMI de ver o discurso de
FHC com antecipação, ele disse
não ter visto, na conversa, nenhuma indicação clara de que tal pedido tivesse sido realmente feito.
"Não achei que um pedido tenha
sido mencionado. Deve ser um erro de tradução ou alguma outra
coisa", afirmou.
Na fita obtida pela Folha, o ministro Malan diz a Resende que o
FMI e o Tesouro dos EUA "querem
ter acesso antes" (ao discurso),
"estão quase dizendo "nos deixem
ler antes'".
Segundo homem na hierarquia
do FMI, Fischer disse que o fundo
estava interessado somente nas
políticas econômicas brasileiras e
esse foi o único assunto discutido
na época.
"Considerando que o presidente
faria um discurso anunciando novas políticas econômicas, seria natural que perguntássemos quais
seriam. Mas nunca pedimos para
ver o discurso."
Fischer disse que a gravação não
representa um problema e que não
vai afetar a situação econômica no
país nem a relação entre o Brasil e o
FMI. "Se isso é o tipo de coisa que
transforma as coisas no Brasil, eu
simplesmente não acredito. Esse é
um assunto inventado, fabricado."
Fischer afirmou que comentou o
assunto com a Folha em caráter de
exceção. "Normalmente não comento informações extraídas de
documentos vazados. Só estou falando desta vez porque me disseram que esse é um grande assunto
no Brasil e porque eu disse sim antes de pensar. Agora que pensei sobre o assunto não vou fazer isso
novamente. Nunca mais."
Texto Anterior: Malan sugeriu mostrar discurso ao FMI Próximo Texto: "Eles querem ter acesso antes..." Índice
|