São Paulo, Quinta-feira, 27 de Maio de 1999
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Anatel defende BNDESPar fora de tele

FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

O presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Renato Guerreiro, defendeu ontem que o BNDESPar saia da Tele Norte Leste "no momento em que esse empreendimento estiver com sua consolidação alcançada".
O BNDESPar é a empresa de participações do BNDES, e a Tele Norte Leste é a holding de telefonia fixa do país que reúne 16 empresas estatais que pertenciam a governos estaduais (entre elas a Telerj, do Rio, a Telemig, de Minas Gerais, e as da região Nordeste).
A holding está no centro da polêmica causada pela divulgação de conversas telefônicas grampeadas na presidência do BNDES.
Nas conversas, inclusive com o presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações) e o ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) André Lara Resende negociam a entrada da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) no consórcio do Banco Opportunity que disputaria a holding no leilão da Telebrás, em julho do ano passado.
Guerreiro disse ontem que o BNDESPar "entrou na Tele Norte Leste para financiar o processo", mas irá "vender" suas ações "no momento em que esse empreendimento estiver com sua consolidação alcançada".
A entrada do BNDESPar na Tele Norte Leste foi imposta por Mendonça de Barros, que não aprovou do resultado do leilão -a holding não foi para o consórcio do Opportunity, mas para o consórcio Telemar (Andrade Gutierrez, Inepar, seguradoras do Banco do Brasil e fundos de pensão).
A idéia de Mendonça de Barros era vender posteriormente a participação do BNDESPar à operadora italiana Telecom Italia, que havia se associado ao Opportunity.
A Anatel ainda não homologou a entrada do BNDESPar na Tele Norte Leste, o que acontecerá por meio da emissão de debêntures (papéis privados) conversíveis em ações em um valor correspondente a 25% do controle acionário.
Segundo os diálogos publicados pela Folha, a estratégia foi acertada por Mendonça de Barros após o leilão e comunicada ao presidente da Anatel por telefone.
Guerreiro não comenta o teor dos diálogos divulgados, alegando que "a Anatel nada tem a opinar sobre a venda do patrimônio público". Mas disse que o acordo idealizado por Mendonça de Barros está sendo "materializado".

Banco do Brasil
Por meio de uma nota oficial divulgada ontem, o Banco do Brasil informou que as cartas de fiança aos consórcios que disputaram a privatização do Sistema Telebrás foram concedidas "com estrita observância das normas para operações dessa natureza".
Em relação à fiança dada ao Opportunity, a nota esclarece que ela foi aprovada pela superintendência do Rio e pela diretoria do BB, além de ter sido submetida ao conselho de administração -pois a direção do BB "não era suficiente para a aprovação da operação".
A nota diz ainda que "em nenhum momento as decisões foram tomadas em decorrência de pressão de qualquer natureza" e que "nenhuma das fianças teve que ser honrada pelo Banco do Brasil".


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