São Paulo, segunda-feira, 27 de junho de 2005

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PAINEL

Fechando o cerco 1
Ao afirmar que utilizou o dinheiro dos saques no Banco Rural para comprar gado e cavalos, Marcos Valério, suspeito de operar o "mensalão", motivou novo pedido de quebra de seus sigilos. Agora, os dados fiscais do empresário até 2004 serão solicitados à Receita Federal.

Fechando o cerco 2
Extra-oficialmente, a CPI já tem informações de que a quase totalidade dos tais negócios com gado não constam nas declarações de IR do empresário, o que desmonta sua defesa. A quebra do sigilo fiscal de Valério deverá ser pedida nesta semana.

Nome aos bois
Os parlamentares também irão exigir de Valério a lista dos criadores de gado e cavalo com os quais o empresário teria feito negócios. Caso seja necessário, eles serão convocados a depor na CPI dos Correios.

Ao gosto do freguês
Descrição feita por um petista sobre o tipo de sedução exercida pelo empresário Marcos Valério: "Ele te procura oferecendo um lugar no céu. Mas se você falar que prefere o inferno, ele diz que é íntimo do capeta".

Lá vem ele
A despeito da marcha lenta da CPI dos Bingos, já está traçado o roteiro para trazer o tema Waldomiro Diniz até a investigação nos Correios. Nesta semana, o ex-assessor do deputado José Dirceu entrará na pauta via Jairo Martins, que depõe amanhã.

Olho do furacão
Martins, envolvido no "grampo" dos Correios, também ajudou a flagrar Waldomiro pedindo dinheiro a Carlinhos Cachoeira. Há indícios de que ele tem fitas ligando o "mensalão" ao escândalo da Loterj e ao ex-assessor de José Dirceu.

Duplo sentido
Alguns nomes hoje apontados como beneficiários do "mensalão" faziam parte da "bancada da bola" na CPI da CBF/ Nike.

Vende-se facilidade
A combalida imagem da Câmara vai sofrer novo abalo com a denúncia que deve chegar esta semana ao Conselho de Ética: empresários foram achacados em votações de matérias tributárias. Um deles teria pago R$ 3 mi a um líder da base.

Definindo critérios
Em março, quando a Casa discutia a redução de impostos para o álcool, o PP, ajudado por Professor Luizinho (PT-SP), chegou a romper um acordo de votação avalizado pela Receita. Ganhou tempo na discussão "sobre quem vai ter, quem pode ter e como", segundo o petista.

Cadeia alimentar
Há suspeita de que o esquema tenha funcionado em pelo menos outras três votações de MPs: para o trigo, o leite e a soja. Em quase todas, a relatoria ficou com a base. Na "MP do Bem", após o escândalo dos Correios, a relatoria será do PFL.

Pano quente
Aloizio Mercadante (PT-SP) deve negociar na terça com Antonio Palocci (Fazenda) uma solução para o fim dos empréstimos do Banco Mundial às obras dos metrôs de Salvador e de Fortaleza, atual motivo de ira da oposição no Senado.

Festa no apê
Um jantar no Rio reuniu a cúpula do PSDB na sexta-feira, tendo como estrelas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o prefeito José Serra, o governador de Minas, Aécio Neves, o craque Ronaldo e o casal global Angélica e Luciano Huck.

Audiência alta
O grupo aproveitou para acompanhar entrevista do ex-presidente exibida pela TVE no Rio. Quando o FHC da telinha não descartou a possibilidade de ser candidato em 2006, o do sofá abriu um sorriso. A cada estocada no governo, a platéia vibrava, sorria ou assentia com a cabeça.

TIROTEIO

Do deputado estadual Campos Machado (PTB), da base de apoio a Geraldo Alckmin na Assembléia paulista, sobre Aloizio Mercadante (PT-SP) ter criticado a ausência de CPIs na Casa:
-O senador age como capitão de time da várzea. Depois de perder o jogo em seu próprio campo, quer jogar no do adversário, onde vai perder também.

CONTRAPONTO

Dúvida cruel

Em dúvida na preparação de um discurso para o grande expediente da Câmara na semana passada, o deputado Tarcísio Zimmermann (PT-RS) resolveu pedir ajuda aos colegas. Conversou com muitos e fez anotações.
Ao avistar Miro Teixeira (PT-RJ) no Salão Verde, foi direto:
-Meu caro Miro, preciso da sua ajuda para esclarecer....
Mas o ex-ministro, atarefado, continuou andando e conversando com outras pessoas.
Zimmermann não desistiu. Continuou na cola de Miro.
Como ele não parava para atendê-lo, o deputado do Rio Grande do Sul não se conteve. Agarrou o colega petista pelo braço e implorou auxílio:
-Miro, por favor, tenho uma dúvida importante!
-Pois não, pode falar, o que há de tão urgente?
Zimmermann disparou:
-Bom, qual é o seu conceito de República?

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