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PT SOB SUSPEITA
Empresa teria sido coagida a ajudar financeiramente campanhas do PT em 2000
Promotoria vai pedir quebra de sigilo do grupo Peralta
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de São
Paulo irá pedir a quebra do sigilo
bancário do grupo Peralta, empresa que teria sido coagida pelo
PT a ajudar financeiramente campanhas eleitorais do partido.
A acusação partiu do atual secretário da Habitação de Mauá
(cidade da Grande São Paulo), Altivo Ovando Jr., que diz ter presenciado petistas recebendo propina do grupo. O fato, afirma,
ocorreu em 2000, quando era secretário em Mauá na gestão do
então prefeito Oswaldo Dias (PT).
Altivo voltou para a secretaria
da Habitação após convite de Diniz Lopes (PL), presidente da Câmara Municipal que hoje comanda a cidade. Após se afastar da administração petista, o secretário
passou a ser considerado pelo PT
um inimigo político na cidade.
O objetivo do pedido de quebra
do sigilo bancário é descobrir se,
no segundo semestre de 2000, o
grupo Peralta efetuou pagamentos, transferências ou saques
mensais no valor de R$ 300 mil.
Segundo Altivo, a quantia teria
sido "imposta" por Valdemir
Garreta, então coordenador de
comunicação da campanha de
Marta Suplicy (PT) à Prefeitura de
São Paulo. Após a vitória do PT,
Garreta assumiu a pasta da Comunicação. Garreta nega a acusação (leia texto nesta página).
À época descrita por Altivo, o
grupo Peralta tinha interesse na
construção de um shopping na cidade e, para isso, precisava da ajuda da prefeitura.
Segundo o secretário de Mauá,
Garreta teria afirmado a Peralta:
"Se não der dinheiro, não vai ter
shopping". O valor total negociado era de R$ 1,8 milhão.
Além da campanha de Marta, o
suposto dinheiro da propina, diz
Altivo, deveria financiar também
a reeleição de Oswaldo Dias.
Mentor
Altivo diz que, em dois momentos distintos, foi à sede da empresa Peralta Investimentos e Participações, em Osasco, recebeu as
parcelas estipuladas e as repassou
ao hoje deputado federal José
Mentor (PT-SP), ex-líder do governo Marta Suplicy na Câmara
Municipal de São Paulo.
Uma das parcelas, segundo o secretário de Mauá, foi paga com
cheque; a outra, com dinheiro
guardado em uma caixa.
Ao Ministério Público paulista,
o secretário da Habitação apresentou uma nota fiscal no valor de
R$ 252 mil e um recibo emitido
pelo Diretório Nacional do PT, de
R$ 48 mil. Os documentos são de
novembro de 2000 e, se somados,
perfazem os R$ 300 mil.
Altivo diz que as notas foram repassadas por Mentor ao ex-presidente do grupo, Armando Jorge
Peralta, para que este prestasse
contas junto aos sócios.
A nota fiscal foi emitida pela
empresa Flash Comunicação, que
é ligada ao PT do Mato Grosso do
Sul e prestou serviço à campanha
de Marta Suplicy. O "cliente" citado no documento é a Brasterra
Empreendimentos Imobiliários
Ltda, uma das empresas que integram o grupo Peralta.
Frente a frente
Além da quebra de sigilo bancário, o Ministério Público quer reunir numa acareação os quatro irmãos Peralta: Armando, Basílio
Fausto, Antonio Carlos e Fernando Jorge -apenas os três últimos
continuam na direção do grupo
empresarial.
Apesar dos cheques emitidos
pela empresa em favor do Partido
dos Trabalhadores, os quatro irmãos Peralta dizem desconhecer
as duas doações registradas pela
contabilidade do PT.
Em declaração encaminhada ao
Ministério Público por meio de
advogados, Basílio Fausto, Antonio Carlos e Fernando Jorge dizem que, à época dos fatos, Armando era o único responsável
pela viabilização do projeto do
shopping de Mauá.
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