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Governador anuncia que sai do cargo em abril
DA SUCURSAL DO RIO
O governador do Estado do
Rio, Anthony Garotinho (PSB),
usou ontem uma solenidade de
prestação de contas de seu governo para dizer que deixará o cargo
em 4 de abril, lançando-se candidato à Presidência. O evento reuniu cerca de 2.500 pessoas em um
teatro da UERJ (Universidade do
Estado do Rio de Janeiro).
"Vou usar as pedras que estão
me jogando para pavimentar minha estrada até o Planalto", disse
Garotinho, em referência às acusações de que ele teria participado
de fraudes fiscais e da tentativa de
suborno de um funcionário da
Receita, em 1995, quando ele não
tinha cargo público e apresentava
programas de rádio e televisão.
Garotinho nega as acusações e
diz que elas surgiram por estratégia do governo federal, que estaria
incomodado com seu crescimento nas pesquisas eleitorais. "Fernando Henrique Cardoso não se
conforma em ver como nós temos
prestígio diante do povo, enquanto ele nem pode sair às ruas."
A solenidade serviu para o governador cobrar publicamente de
seus secretários e dos deputados
de seu partido uma atitude mais
firme em defesa dele e de sua administração. "Todos querem se
beneficiar dos bons índices de
avaliação que estamos recebendo,
mas não estou vendo o mesmo
empenho na hora em que surgem
as críticas, na hora em que estamos recebendo pauladas."
O governador aproveitou para
criticar o PT estadual, que quer
propor uma CPI na Assembléia
Legislativa para investigá-lo.
"Os petistas deveriam ter coerência e propor uma CPI para investigar a prefeita Marta, que colocou São Paulo no lixo; o governador Zeca do PT, acusado no
Mato Grosso do Sul de ter desviado dinheiro do Fundo de Amparo
ao Trabalhador, e o governador
Olívio Dutra [RS], acusado de envolvimento com o jogo do bicho."
Monarca
O governador comparou o presidente ao rei Luís 14, da França, e
o chamou de "absolutista", em
defesa apresentada ontem ao Superior Tribunal de Justiça na qual
tenta se livrar de abertura de processo por causa de ataque a FHC.
Autor da frase "O Estado sou
eu", Luís 14 (1638-1715) é um dos
principais representantes das monarquias absolutas, caracterizadas pela concentração do poder
político nas mãos dos reis.
Garotinho afirmou que FHC se
confunde com a União ao utilizá-la para preparar no STJ ação penal
por difamação. O governador está
sendo interpelado judicialmente
pela Advocacia Geral da União. O
governo decidiu interpelar Garotinho para que ele confirme o teor
de entrevistas nas quais afirmou
que o governo federal estaria por
trás das acusações contra ele.
"Que o presidente gostasse do
parlamentarismo, de que se diz
adepto, bem se sabe. Sua faceta
monarquista, porém, não era conhecida. Menos ainda o matiz absolutista." Na interpelação, a
AGU ponderou que o ataque foi
ao governo e não a FHC e por isso
caberia a ação em nome da União.
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