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NO AR
Presidente "teflon"
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
- É bom para o PSDB e é
bom para Fernando
Henrique. Todos receberam
com alívio.
Era Franklin Martins, sobre a
saída do governador capixaba
do partido presidencial.
José Roberto Arruda, agora
José Ignácio Ferreira, um a um
os tucanos acusados são sacrificados em público, firmando a
imagem de um presidente em
que nada cola -e que, com cinismo, ainda elogia os sacrificados nos telejornais.
Um presidente "teflon", como
se dizia de Ronald Reagan.
Desde a compra de votos para
a reeleição até a presente "caça
às bruxas", que não deixa escapar ACM, Jader Barbalho, Garotinho, Marta Suplicy, o presidente atravessa os escândalos
sem manchas.
Atravessa até mesmo a crise
de energia, que, aliás, passou a
usar em benefício próprio desde
o aniversário do Plano Real
-como se o racionamento não
fosse mais do que uma chance
para os brasileiros aprenderem
a poupar.
Com oito anos no poder, FHC
vai além do "teflon", na verdade: também como Reagan, a
marca que deixou no cidadão-telespectador é duradoura, não
vai sair tão fácil.
A segurança, algo paternal
que oferece ao eleitor, o presidente tratou de lançar contra
Lula, no mesmo aniversário do
Real. Insinuou, com Pedro Malan, que o petista pode não ser
confiável na economia, ele que
não apoiou a estabilização.
É a sombra de Fernando de La
Rúa, que vai espreitar Lula até o
ano que vem.
No dia em que mais um tucano acusado se afastava do presidente, a Justiça italiana negava
o pedido para a extradição de
Salvatore Cacciola.
Outro, entre tantos, cujo escândalo ameaçou CPI e passou
bem perto do presidente, sem
deixar manchas.
Por falar em Itália e em CPIs
abafadas, o primeiro-ministro
Silvio Berlusconi acionou sua
base parlamentar e derrubou a
comissão exigida pela oposição
para investigar a ação da polícia em Gênova -e a morte de
Carlo Giuliani.
Também só para registrar,
terminou em São Paulo o julgamento de mais um dos skinheads acusados pelo assassinato do "adestrador" Edson Nery,
no eufemismo da Globo. O skinhead foi absolvido.
Telejornal após telejornal, ontem como anteontem, a Globo
insiste na pergunta: O Exército
pode agir como polícia?
E-mail: nelsonsa@uol.com.br
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