São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2001

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NO AR

Presidente "teflon"

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

- É bom para o PSDB e é bom para Fernando Henrique. Todos receberam com alívio.
Era Franklin Martins, sobre a saída do governador capixaba do partido presidencial.
José Roberto Arruda, agora José Ignácio Ferreira, um a um os tucanos acusados são sacrificados em público, firmando a imagem de um presidente em que nada cola -e que, com cinismo, ainda elogia os sacrificados nos telejornais.
Um presidente "teflon", como se dizia de Ronald Reagan.
Desde a compra de votos para a reeleição até a presente "caça às bruxas", que não deixa escapar ACM, Jader Barbalho, Garotinho, Marta Suplicy, o presidente atravessa os escândalos sem manchas.
Atravessa até mesmo a crise de energia, que, aliás, passou a usar em benefício próprio desde o aniversário do Plano Real -como se o racionamento não fosse mais do que uma chance para os brasileiros aprenderem a poupar.
Com oito anos no poder, FHC vai além do "teflon", na verdade: também como Reagan, a marca que deixou no cidadão-telespectador é duradoura, não vai sair tão fácil.
A segurança, algo paternal que oferece ao eleitor, o presidente tratou de lançar contra Lula, no mesmo aniversário do Real. Insinuou, com Pedro Malan, que o petista pode não ser confiável na economia, ele que não apoiou a estabilização.
É a sombra de Fernando de La Rúa, que vai espreitar Lula até o ano que vem.

 


No dia em que mais um tucano acusado se afastava do presidente, a Justiça italiana negava o pedido para a extradição de Salvatore Cacciola.
Outro, entre tantos, cujo escândalo ameaçou CPI e passou bem perto do presidente, sem deixar manchas.

 


Por falar em Itália e em CPIs abafadas, o primeiro-ministro Silvio Berlusconi acionou sua base parlamentar e derrubou a comissão exigida pela oposição para investigar a ação da polícia em Gênova -e a morte de Carlo Giuliani.
Também só para registrar, terminou em São Paulo o julgamento de mais um dos skinheads acusados pelo assassinato do "adestrador" Edson Nery, no eufemismo da Globo. O skinhead foi absolvido.

 


Telejornal após telejornal, ontem como anteontem, a Globo insiste na pergunta: O Exército pode agir como polícia?

E-mail: nelsonsa@uol.com.br


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