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FISCO
Aeronave que transportava mercadoria é da Schincariol; produtos não declarados foram comprados nos Estados Unidos
Receita apreende bens do deputado Tuma
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A Receita Federal apreendeu,
em um avião particular do grupo
Schincariol, um televisor, dois
computadores, um notebook
(computador portátil), um aparelho de fax, um telefone sem fio,
roupas, vasos de porcelanas, balaios de vime e artesanatos comprados nos Estados Unidos e que
não haviam sido declarados.
De acordo com a Polícia Federal
de Belém, o comandante da aeronave declarou que a mercadoria
importada pertence ao deputado
federal Robson Tuma (PFL-SP).
A apreensão do material ocorreu no dia 17, quando o avião, que
ia para São Paulo, procedente dos
Estados Unidos, fez uma escala
técnica em Belém (PA).
O caso foi caracterizado como
crime de descaminho. "Eles [a tripulação] tentaram burlar a fiscalização para se isentar de pagar os
tributos, o que configura descaminho", disse a inspetora da alfândega do Aeroporto Internacional de Belém, Altair de Fátima Capela Sampaio.
Segundo ela, a mercadoria importada não declarada foi encontrada dentro do avião em uma
vistoria. Antes, a tripulação (cujos
nomes estão protegidos pelo sigilo fiscal e não foram revelados)
disse à alfândega que não tinha
trazido bens do exterior.
Uso pessoal
Os bens não declarados foram
avaliados em R$ 14.700, segundo
estimativa preliminar feita pelos
técnicos da Receita Federal, comparando os itens apreendidos
com produtos similares.
A inspetora Altair Sampaio disse que, pela quantidade identificada pelos fiscais, as mercadorias
eram para uso pessoal e não para
comercialização.
A Receita não notificou a Schincariol nem o deputado Robson
Tuma. A responsabilidade recaiu
sobre o comandante do avião.
"É dele [do comandante] a responsabilidade sobre a condução
do veículo. Ele foi notificado pela
falta de declaração de importação", afirmou a inspetora.
Filho do senador Romeu Tuma
(PFL-SP) -ex-diretor-geral da
Polícia Federal (1985-1992) e ex-secretário da Receita Federal
(1992)-, Robson Tuma esteve,
na terça-feira, na sede da PF de
Belém tentando liberar parte das
mercadorias importadas.
Acompanhado do delegado
aposentado Marco Antônio Mendes Cavalero (assessor parlamentar do senador), Robson Tuma,
35, foi recebido pelo superintendente José Ferreira Sales -que,
apesar de estar em férias, foi atender o filho do senador.
Segundo a assessoria da PF, o
deputado Robson Tuma afirmou,
no encontro com Sales, que as
roupas apreendidas eram de sua
propriedade, mas não explicou
por que estavam dentro do avião
da cervejaria.
Segundo a polícia, a Receita Federal vai leiloar os produtos que
foram apreendidos.
"A PF não abriu um inquérito
para investigar o caso, que está na
esfera administrativa da Receita,
mas aguarda os desdobramentos", informou o assessor Fernando Sérgio Bastos.
Ele afirmou que, como a documentação do avião Lear Jet
-comprado pelo grupo Schincariol nos Estados Unidos- estava
legal, a aeronave e os pilotos foram liberados na semana passada
e prosseguiram a viagem para São
Paulo.
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