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Arraes aponta "perseguição"
do governo contra Pernambuco
CARI RODRIGUES
CRISTIANA NEPOMUCENO
da Sucursal de Brasília
O governador Miguel Arraes
(PSB) faz acusações ao governo federal no decreto que publica hoje
no "Diário Oficial" de Pernambuco rejeitando decisão do Confaz e
determinando a cobrança retroativa do ICMS sobre habilitação de
linhas telefônicas.
No decreto, ao qual a Folha teve
acesso, Arraes diz que o governo
vem desrespeitando a autonomia
dos Estados, garantida pela Constituição, ao reduzir drasticamente
as receitas estaduais e municipais.
"Estados e municípios têm perdido apreciáveis parcelas de suas
receitas para a União, em decorrência de legislações atentatórias à
autonomia dos Estados como as
que criaram o Fundo Social de
Emergência, Fundo de Estabilização Fiscal e a Lei Kandir", diz o
governador no decreto.
O Confaz (conselho que reúne os
secretários estaduais da Fazenda)
havia decidido não cobrar o imposto retroativo (1993 a 1998).
Na última sexta-feira, Arraes
anunciou a decisão de mudar seu
voto. Com isso, a decisão tomada
pelos secretários fica invalidada
porque precisa ser unânime.
"O que Pernambuco está passando deixou de ser discriminação
para se tornar perseguição", disse
Arraes ontem por intermédio de
sua assessoria de imprensa.
Arraes quer a liberação de R$
700 milhões do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) referentes a
antecipação dos recursos de privatização da Celpe, sua estatal de
energia elétrica.
Ele reclama que 16 Estados já receberam esses recursos. O empréstimo de Pernambuco já estava
autorizado, mas há duas semanas
o governo determinou que a antecipação de receita de privatização
pode ser usada somente para abatimento de dívida interna.
Arraes já contava com esses recursos para a realização de obras
no Estado, que poderiam beneficiá-lo na campanha à reeleição.
"O governo federal está agindo
como os coronéis da República
Velha ao beneficiar seus aliados."
A possibilidade de cobrança retroativa do ICMS pode interferir
no preço de venda das 12 empresas
do Sistema Telebrás que vão a leilão na quarta-feira.
O ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações) disse que a cobrança retroativa pode
diminuir em cerca de R$ 75 milhões o preço da Telebrás. A participação da União na estatal foi
avaliada em R$ 13,47 bilhões.
Pernambuco perderia R$ 25 milhões com o fim da cobrança retroativa de ICMS sobre habilitação
de linhas telefônicas. Isso corresponde a um quinto da receita
mensal desse imposto.
A perda de receita dos Estados
com o fim da cobrança retroativa é
estimada em R$ 780 milhões.
Arraes defende que os Estados
terão prejuízo com o fim da cobrança retroativa e somente a
União será beneficiada.
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