São Paulo, domingo, 27 de agosto de 2000


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PAINEL


"Elles"
Marco Maciel é candidato ao Senado. Problema: o vice não poderá substituir FHC a partir de maio de 2002, sob pena de ficar inelegível. Isso abre caminho para que Marco Aurelio de Mello, primo de Collor, que deve ser eleito presidente do STF em maio de 2001, ocupe eventualmente a cadeira real do Planalto.

Tabuleiro amarrado
A simples idéia de um primo de Fernando Collor na presidência é intolerável para setores do governo FHC. Daí a movimentação de tucanos para levar o Supremo a eleger outro presidente. Difícil. É mais fácil o STF engolir o polêmico Mello do que romper a tradição de eleger o ministro da vez para o cargo.

Bigode na disputa
A candidatura de Maciel ao Senado é um ponto a favor de José Sarney (que só renova o mandato em 2006) na disputa pela sucessão de ACM, pois Jader Barbalho vai disputar a eleição de 2002. Na mesma situação estão os dois candidatos à Câmara, Aécio Neves (PSDB) e Inocêncio Oliveira (PFL).

Roleta baiana
ACM tem aceitado até apostar que José Sarney será candidato e vai se eleger presidente do Senado. O baiano esbanja confiança contra a candidatura de seu desafeto Jader Barbalho, favorito.

Gesto amigo
No período que antecedeu a ida de Eduardo Jorge à subcomissão do Senado, a comunicação de FHC com seu antigo auxiliar se deu por meio de terceiros. Após o depoimento, o presidente telefonou ao ex-ministro. "Foram palavras de conforto", afirma um amigo de EJ.

Pesquisa de opinião
FHC tem perguntado a caciques da aliança governista o que pensam da idéia de fazer uma reforma ministerial depois das eleições municipais. E vem demonstrando bastante interesse pelos argumentos daqueles que são simpáticos à reforma.



Senhor do Bonfim
No jantar que tiveram a sós na quinta, em Salvador, ACM disse a José Serra que o PFL não terá candidato próprio à Presidência da República em 2002. É uma maneira de esvaziar o balão de Roseana Sarney (MA), inflado pela ala do partido controlada por Jorge Bornhausen (SC).

Encontro das águas
Num ponto ACM e Serra estão de acordo: ambos avaliam que a candidatura Ciro Gomes (PPS) à presidência tem menos gás do que a imprensa, em geral, tem feito supor. Chegaram a dizer que Ciro é o "candidato dos jornalistas", que, sem ele, ficariam sem gancho para fazer intriga em torno da sucessão de FHC.

Problemas em casa
Patrícia Gomes, candidata da dupla Ciro-Tasso, começa a derrapar na corrida em Fortaleza. E no PPS já há quem diga que tem tucano jogando óleo na pista.

Se acaso me quiseres...
Presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, que é filiado ao PTB, mas apóia Erundina (PSB), e não Alckmin (PSDB), tomou café da manhã esta semana com Eduardo Suplicy. Há pouco, Paulinho havia dito que não votaria nunca em Marta (PT). Mas, em eventual 2º turno contra Maluf (PPB), parece que ele mudou de idéia.

Ser ou não ser
FHC ainda tergiversa sobre a venda da Caixa Seguros, prevista para setembro. A equipe econômica quer vender o controle acionário da seguradora. Teria mais uma lição de casa exemplar para mostrar ao FMI. Mas os políticos invadiram a área. Alegam que o gesto representa a privatização indireta da CEF.

Questão de calendário
A partir de terça-feira, 29, até abril de 2001, o Banco do Brasil começa a pagar os rendimentos do Pasep aos trabalhadores inscritos no programa. Os pagamentos devem chegar R$ 4,8 milhões no período. Segundo o BB, o desembolso às vésperas das eleições é só "coincidência".

TIROTEIO

Do ex-presidente Fernando Collor (PRTB), candidato à prefeitura paulistana, comparando seu governo e o de FHC:
- A diferença fundamental entre o meu governo e o dele é que eu não montei "operações abafa" no Congresso Nacional.

CONTRAPONTO

O peixe morre pela boca
No exercício da Secretaria Geral da Presidência da República, Eduardo Jorge ajudou a cultivar a imagem do "sombra". Agia, de fato, como tal. E costumava explicar que, por ocupar cargo tão próximo ao presidente, não podia ter ambições políticas e tinha de ser extremamente fiel.
No Planalto, fazia jus às duas condições. Sua fidelidade a FHC era irrestrita. E era, além disso, discreto, quase imperceptível.
Na época do escândalo Sivam, por exemplo, um velho amigo perguntou a EJ o que havia de verdadeiro nas histórias sobre pagamentos de propinas e telefones grampeados no Planalto.
Resposta evasiva de EJ:
- Não vou contar. Para você não saber...
O amigo pareceu surpreendido com a resposta. Calmamente, EJ então explicou:
- É simples. Se você não souber, não vai poder contar quando alguém lhe perguntar...


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