São Paulo, domingo, 27 de agosto de 2000


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Histórico de desconfianças entre os países

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Há uma década, Argentina e Brasil disputavam uma corrida nuclear. Lógica parecida com a relação entre Índia e Paquistão. A não ser pelo fato de que nenhum dos dois países conseguiu fabricar a bomba atômica.
Os regimes militares tiveram de cair para que os vizinhos deixassem de se olhar como inimigos. Foram os presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín, com a ajuda da crise econômica, que conseguiram desencadear o desmonte da corrida armamentista. Mas foi só no governo Collor que o Brasil arquivou o programa nuclear.
Três visitas ajudaram a desarmar o que o secretário-geral do Itamaraty, Seixas Corrêa, chama de "dinâmica autodestrutiva".
A primeira foi um convite para Alfonsín conhecer Itaipu. Na década de 70, os jornais de Buenos Aires chamavam a usina binacional (do Brasil e do Paraguai) de "bomba hídrica". Os militares argentinos afirmavam que, se o Brasil abrisse as comportas, Buenos Aires seria inundada.
Depois Sarney foi conhecer as instalações nucleares da Argentina. Alfonsín também visitou as brasileiras. Quem participou do encontro conta que os dois presidentes olhavam interessados os tubos, fios e botões sem entender nada. Mas o simbolismo foi importante.
Era tal a probabilidade de conflito que os dois países usavam bitolas diferentes nas ferrovias. Para evitar que um vagão com tropas entrasse no território vizinho.
As rivalidades de outras épocas se resumem agora ao campo comercial. Os vizinhos temem a invasão de produtos importados. Ao comércio e, claro, ao futebol.


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