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Histórico de desconfianças entre os países
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Há uma década, Argentina e Brasil disputavam uma
corrida nuclear. Lógica parecida com a relação entre Índia e Paquistão. A não ser
pelo fato de que nenhum dos
dois países conseguiu fabricar a bomba atômica.
Os regimes militares tiveram de cair para que os vizinhos deixassem de se olhar
como inimigos. Foram os
presidentes José Sarney e
Raúl Alfonsín, com a ajuda
da crise econômica, que
conseguiram desencadear o
desmonte da corrida armamentista. Mas foi só no governo Collor que o Brasil arquivou o programa nuclear.
Três visitas ajudaram a desarmar o que o secretário-geral do Itamaraty, Seixas
Corrêa, chama de "dinâmica
autodestrutiva".
A primeira foi um convite
para Alfonsín conhecer Itaipu. Na década de 70, os jornais de Buenos Aires chamavam a usina binacional (do
Brasil e do Paraguai) de
"bomba hídrica". Os militares argentinos afirmavam
que, se o Brasil abrisse as
comportas, Buenos Aires seria inundada.
Depois Sarney foi conhecer as instalações nucleares
da Argentina. Alfonsín também visitou as brasileiras.
Quem participou do encontro conta que os dois presidentes olhavam interessados os tubos, fios e botões
sem entender nada. Mas o
simbolismo foi importante.
Era tal a probabilidade de
conflito que os dois países
usavam bitolas diferentes
nas ferrovias. Para evitar que
um vagão com tropas entrasse no território vizinho.
As rivalidades de outras
épocas se resumem agora ao
campo comercial. Os vizinhos temem a invasão de
produtos importados. Ao
comércio e, claro, ao futebol.
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