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BNDES anuncia crédito de R$ 1 bi
DA ENVIADA A CARACAS
O governo brasileiro anunciou
ontem, em Caracas, a abertura de
uma linha de crédito de US$ 1 bilhão do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico
e Social) para financiar projetos
de exportação de bens de serviço e
capital para a Venezuela. O formato da concessão dos projetos
ainda não está fechado.
Segundo o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), que integrou a comitiva de
Lula à Venezuela, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) determinou ao Banco Central a revisão dos CCR (Convênios de Créditos Recíprocos) para cobrir
eventuais faltas de garantias.
A revisão vai favorecer não apenas a abertura do crédito à Venezuela. Ele citou Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Peru entre
possíveis beneficiados. No caso
venezuelano, o Brasil recusou a
proposta do governo Hugo Chávez de apresentar o petróleo como garantia para o acordo.
O anúncio da linha de crédito
acalmou as cerca de quatro dezenas de empresários brasileiros
que acompanhavam a visita de
Lula. Eles souberam da recusa da
garantia e da possibilidade de não
haver anúncio nenhum. Acertaram um meio-termo: o anúncio
foi feito, mas "os trâmites de cada
projeto" -como ressaltou Furlan- ficaram para depois. Os
principais negócios estimulados
pelos dois governos são de infra-estrutura e linhas de integração.
Nona refinaria
Lula e Chávez reuniram-se por
cerca de uma hora e meia no Palácio de Miraflores. Os chanceleres
Celso Amorim, do Brasil, e Roy
Chaderton, da Venezuela, acertaram detalhes finais dos acordos
anunciados.
Conforme a Folha apurou, o
maior impasse era quanto à localização de uma nova refinaria no
Brasil. Há pressão de empresas
que têm interesse direto na Venezuela para que seja instalada em
Pernambuco. Há vários Estados,
inclusive Rio e outros do Nordeste, disputando a nova refinaria,
que teria participação minoritária
da PDVSA, a estatal do petróleo
da Venezuela.
Justamente na reta final da votação da reforma tributária no Congresso, com os governadores em
pé de guerra com o governo federal, Lula preferiu deixar a discussão para mais tarde. Uma opção é
simplesmente não optar por nenhum dos Estados e dividir as
verbas para ampliar e modernizar
as oito refinarias já existentes.
Mas isso não é uma decisão ainda.
A jornalista ELIANE CANTANHÊDE viajou no trecho Caracas-Ciudad Guayana-Caracas num vôo cedido pela Odebrecht a jornalistas brasileiros
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