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São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2003

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BNDES anuncia crédito de R$ 1 bi

DA ENVIADA A CARACAS

O governo brasileiro anunciou ontem, em Caracas, a abertura de uma linha de crédito de US$ 1 bilhão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para financiar projetos de exportação de bens de serviço e capital para a Venezuela. O formato da concessão dos projetos ainda não está fechado.
Segundo o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), que integrou a comitiva de Lula à Venezuela, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) determinou ao Banco Central a revisão dos CCR (Convênios de Créditos Recíprocos) para cobrir eventuais faltas de garantias.
A revisão vai favorecer não apenas a abertura do crédito à Venezuela. Ele citou Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Peru entre possíveis beneficiados. No caso venezuelano, o Brasil recusou a proposta do governo Hugo Chávez de apresentar o petróleo como garantia para o acordo.
O anúncio da linha de crédito acalmou as cerca de quatro dezenas de empresários brasileiros que acompanhavam a visita de Lula. Eles souberam da recusa da garantia e da possibilidade de não haver anúncio nenhum. Acertaram um meio-termo: o anúncio foi feito, mas "os trâmites de cada projeto" -como ressaltou Furlan- ficaram para depois. Os principais negócios estimulados pelos dois governos são de infra-estrutura e linhas de integração.

Nona refinaria
Lula e Chávez reuniram-se por cerca de uma hora e meia no Palácio de Miraflores. Os chanceleres Celso Amorim, do Brasil, e Roy Chaderton, da Venezuela, acertaram detalhes finais dos acordos anunciados.
Conforme a Folha apurou, o maior impasse era quanto à localização de uma nova refinaria no Brasil. Há pressão de empresas que têm interesse direto na Venezuela para que seja instalada em Pernambuco. Há vários Estados, inclusive Rio e outros do Nordeste, disputando a nova refinaria, que teria participação minoritária da PDVSA, a estatal do petróleo da Venezuela.
Justamente na reta final da votação da reforma tributária no Congresso, com os governadores em pé de guerra com o governo federal, Lula preferiu deixar a discussão para mais tarde. Uma opção é simplesmente não optar por nenhum dos Estados e dividir as verbas para ampliar e modernizar as oito refinarias já existentes. Mas isso não é uma decisão ainda.


A jornalista ELIANE CANTANHÊDE viajou no trecho Caracas-Ciudad Guayana-Caracas num vôo cedido pela Odebrecht a jornalistas brasileiros


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