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"Chávez pode vencer pelo diálogo"
DA ENVIADA A CARACAS
Em discurso no Palácio de Miraflores, sede do governo venezuelano, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva disse que o presidente do país, Hugo Chávez, "tem todas as condições de vencer quaisquer dificuldades políticas através
do diálogo e do entendimento".
Uma das principais críticas que se
fazem a Chávez é justamente a falta de diálogo com a oposição.
"Felizmente, para todos nós, está encerrado o ciclo das aventuras
golpistas em nosso continente.
Hoje o que predomina é o diálogo, o respeito ao pluralismo e às
Constituições e leis de nossos países", disse Lula, que não teve nenhum encontro à parte com líderes oposicionistas venezuelanos.
Cauteloso, o presidente brasileiro repetiu o tom que vem usando
ao falar do problema político
mais imediato de Chávez: o pedido de realização de referendo que
pode, na prática, reduzir o seu
mandato, que acaba em 2004.
Lula evitou entrar no mérito do
pedido apresentado pela oposição. Nem se disse a favor nem
contra a realização do plebiscito,
defendendo apenas que o pedido
é previsto na Constituição e que
qualquer norma constitucional
deve ser simplesmente seguida.
Agradou a Chávez e à oposição.
A estratégia do governo Chávez
é empurrar o pedido com a barriga. Na segunda-feira à noite, o Supremo Tribunal de Justiça decidiu
completar os cinco membros e indicar o juiz principal do Conselho
Nacional Eleitoral, dando, assim,
o primeiro passo para a discussão
e análise do pedido de referendo,
que tem, segundo a oposição, 3,5
milhões de assinaturas.
Segundo o embaixador da Venezuela no Brasil, Vladimir Villegas, porém, "antes de mais nada,
o conselho vai ter que estabelecer
as normas para analisar as assinaturas e validar o documento".
Ainda segundo ele, o conselho
poderá também, por exemplo, ser
instado a discutir e dar a palavra
final sobre referendos também
para prefeitos, governadores e líderes comunitários locais.
Lula discutiu mais de uma vez a
possibilidade de cancelar parte da
viagem à Venezuela para poder ir
a Alcântara (MA) e visitar os escombros da base que explodiu. A
viagem à Venezuela, porém, foi
considerada "estratégica".
Os dois presidentes iniciaram o
dia depositando flores no túmulo
do libertador Simón Bolívar.
Tanto Chávez quanto Lula enfatizaram muito a necessidade de
união da América do Sul e criticaram os países ricos. Segundo Lula,
a relação com os países ricos tem
sido desumana. E Chávez declarou: "Nosso destino está no Sul".
Lula disse que "derrotar subsídios agrícolas é abrir espaço para
que nossos produtos possam
transitar com a mesma liberdade
que os capitais dos ricos transitam nos nossos países".
(EC)
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