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São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2003

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"Chávez pode vencer pelo diálogo"

DA ENVIADA A CARACAS

Em discurso no Palácio de Miraflores, sede do governo venezuelano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o presidente do país, Hugo Chávez, "tem todas as condições de vencer quaisquer dificuldades políticas através do diálogo e do entendimento". Uma das principais críticas que se fazem a Chávez é justamente a falta de diálogo com a oposição.
"Felizmente, para todos nós, está encerrado o ciclo das aventuras golpistas em nosso continente. Hoje o que predomina é o diálogo, o respeito ao pluralismo e às Constituições e leis de nossos países", disse Lula, que não teve nenhum encontro à parte com líderes oposicionistas venezuelanos.
Cauteloso, o presidente brasileiro repetiu o tom que vem usando ao falar do problema político mais imediato de Chávez: o pedido de realização de referendo que pode, na prática, reduzir o seu mandato, que acaba em 2004.
Lula evitou entrar no mérito do pedido apresentado pela oposição. Nem se disse a favor nem contra a realização do plebiscito, defendendo apenas que o pedido é previsto na Constituição e que qualquer norma constitucional deve ser simplesmente seguida. Agradou a Chávez e à oposição.
A estratégia do governo Chávez é empurrar o pedido com a barriga. Na segunda-feira à noite, o Supremo Tribunal de Justiça decidiu completar os cinco membros e indicar o juiz principal do Conselho Nacional Eleitoral, dando, assim, o primeiro passo para a discussão e análise do pedido de referendo, que tem, segundo a oposição, 3,5 milhões de assinaturas.
Segundo o embaixador da Venezuela no Brasil, Vladimir Villegas, porém, "antes de mais nada, o conselho vai ter que estabelecer as normas para analisar as assinaturas e validar o documento".
Ainda segundo ele, o conselho poderá também, por exemplo, ser instado a discutir e dar a palavra final sobre referendos também para prefeitos, governadores e líderes comunitários locais.
Lula discutiu mais de uma vez a possibilidade de cancelar parte da viagem à Venezuela para poder ir a Alcântara (MA) e visitar os escombros da base que explodiu. A viagem à Venezuela, porém, foi considerada "estratégica".
Os dois presidentes iniciaram o dia depositando flores no túmulo do libertador Simón Bolívar.
Tanto Chávez quanto Lula enfatizaram muito a necessidade de união da América do Sul e criticaram os países ricos. Segundo Lula, a relação com os países ricos tem sido desumana. E Chávez declarou: "Nosso destino está no Sul".
Lula disse que "derrotar subsídios agrícolas é abrir espaço para que nossos produtos possam transitar com a mesma liberdade que os capitais dos ricos transitam nos nossos países". (EC)


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