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Dilma explica aumento de despesas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Estudo feito pelo Planalto atribui a um maior número de viagens de Luiz Inácio Lula da Silva e
à mudança do perfil familiar do
presidente o aumento dos gastos
com cartões corporativos da Presidência da República. Os cartões
são alvo de uma auditoria recém-aprovada pelo TCU (Tribunal de
Contas da União).
O aspecto mais criticado no uso
dos cartões pela Presidência -os
elevados saques em dinheiro vivo- decorre, segundo a ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil), de
uma regra fixada pelo Tesouro
Nacional. O Tesouro exigiria saques em dinheiro para quitar faturas que não foram pagas com
cartão nos estabelecimentos que
forneceram produtos ou serviços.
Um exemplo: em outubro do
ano passado, Luiz Inácio Lula da
Silva passou uma noite no Rio de
Janeiro. Para o deslocamento do
presidente, sua comitiva e a segurança, a Presidência alugou dois
automóveis blindados, mais de
uma dezena de automóveis executivos, três vans e um caminhão.
A conta foi de pouco mais de
R$ 23 mil. A fatura da empresa Inter Price Rent a Car chegou à Secretaria de Administração do Planalto no mês seguinte, e uma das
portadoras de cartões corporativos da Presidência teve de ir cinco
dias seguidos ao banco, retirar dinheiro em saques sucessivos para
quitar, aos pedaços, a fatura.
"O Tesouro não deixa pagar faturas com cartão, mas vamos ter
de rever isso", justificou Dilma.
Restrições impostas pelo processo de gastos públicos impediria o
pagamento desse tipo de gasto
não previsto anteriormente por
meio de ordem bancária. A ministra disse que estuda licitação
para a locação de automóveis.
Nos dois primeiros anos de
mandato de Lula, os gastos com
cartões corporativos da Presidência mais do que dobraram. Passaram de R$ 4,3 milhões em 2002
para R$ 8,7 milhões em 2004.
Chamou a atenção de uma auditoria anterior do Tribunal de
Contas da União o volume de saques em dinheiro. "Os saques deveriam ser excepcionais, restritos
a situações em que comprovadamente não se possa efetivar transações a crédito", afirmou relatório da auditoria. No ano passado,
um dos portadores de cartões
corporativos da Presidência sacou, em um mês, R$ 78 mil.
"Gastamos mais porque viajamos mais e o perfil da família do
presidente é bem diferente [da de
FHC]", insistiu a chefe da Casa Civil, irritada com especulações feitas pela oposição sobre uso dos
cartões para pagamento de despesas pessoais do presidente. Lula
tem cinco filhos -dois a mais e
mais jovens do que os do antecessor, Fernando Henrique Cardoso.
De acordo com relatório produzido pelo Planalto, 70% dos gastos com cartões na Presidência se
referem a despesas com hospedagem e locação de automóveis.
Para reduzir os saques em dinheiro, segundo a ministra, o Planalto providenciou a compra de
carros para uso de seguranças de
familiares do presidente.
A queda dos gastos com cartões
na Presidência já é notada: até a
primeira semana de agosto, foram pagos R$ 3,8 milhões.
Os cartões corporativos foram
criados no último ano de mandato de FHC e seu uso se destina ao
pagamento de despesas imprevistas de pequeno vulto.
Em razão de uma regra baixada
já sob Lula, os gastos com cartões
são cercados de sigilo.
(MS)
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