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Buratti reitera críticas à Folha
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado Rogério Buratti
reafirmou ontem que considera
incorreto a Folha ter entregue à
sua ex-mulher, Elza, um CD com
diálogos telefônicos interceptados com autorização judicial. Mas
disse que desconhecia que o repórter Rogério Pagnan, da Sucursal da Folha em Ribeirão, havia
sugerido eliminar das gravações
as conversas de caráter íntimo, o
que não foi aceito por Elza. Para
Buratti, o cuidado de Pagnan é
um "atenuante importante".
O repórter pedira ajuda a Elza
Buratti para identificar personagens e códigos usados pelo ex-secretário de Governo de Antonio
Palocci Filho nas gravações.
Buratti criticou o jornal em depoimento à CPI dos Bingos na
quinta-feira. "Se eu fosse falar de
novo, não falaria do mesmo jeito.
Mas continuo considerando que
não é um procedimento adequado procurar uma pessoa da família ou a ex-mulher de alguém com
esse objetivo", disse Buratti.
"Não acho que seja eticamente
correto, de respeito à privacidade,
entrar na casa da pessoa e procurar provas contra ela dessa forma." A ex-mulher de Buratti reafirmou ontem que o CD não interferiu no seu relacionamento,
pois já estava separada havia pelo
menos quatro meses.
Ela disse que não se sentiu constrangida porque nada da sua vida
particular foi publicado pelo jornal. Ela condenou a ação do marido, de criticar publicamente o jornalista da Folha.
"Ele citou seu nome porque deve ter alguma coisa pessoal com
você. Sou solidária com você",
afirmou a Pagnan.
No CD, há 230 diálogos em mais
de 12 horas de gravações entre Buratti e dezenas de personagens.
Antes de entregar o CD à reportagem, advertiu que havia trechos
pessoais que poderiam ser suprimidos. Elza quis ouvir tudo.
Rogério Buratti revelou à CPI
que um repórter especial da Folha
o procurara, quando "pediu desculpas formalmente em nome do
jornal".
Em comentário interno, o ombudsman da Folha, Marcelo Beraba, observou ontem que, "se tudo ocorreu realmente como o jornal descreve, o repórter [Pagnan]
agiu com correção", e que por isso
"não dá para entender por que
um outro repórter pediu desculpas em nome do jornal".
Na véspera do depoimento, Buratti contara ao repórter especial
da Folha Mario Cesar Carvalho,
no aeroporto de Brasília, que um
repórter havia entregue à sua ex-mulher gravações com conversas
íntimas dele com a atual namorada. Carvalho desconhecia o fato. E
comentou que, se isso de fato
ocorrera, o repórter havia errado.
Em caráter pessoal, disse que, se a
entrega das gravações ocorrera
como Buratti tinha relatado, o repórter devia desculpas.
Nenhuma reportagem sobre os
diálogos foi publicada pela Folha.
Nota da Redação - A Folha entende que a vida privada só tem
relevância jornalística se estiver ligada a fato de interesse público.
Foi com essa preocupação -a de
tentar buscar elementos para esclarecer o caso de corrupção-
que a reportagem procurou a ex-mulher de Rogério Buratti. Ela
quis ouvir as gravações sem cortes, sabendo que havia trechos de
conversas íntimas. A Folha deveria ter excluído essas partes para
evitar eventuais constrangimentos. Apesar dessa falha, nada foi
publicado a respeito.
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