São Paulo, sábado, 27 de agosto de 2005

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Buratti reitera críticas à Folha

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Rogério Buratti reafirmou ontem que considera incorreto a Folha ter entregue à sua ex-mulher, Elza, um CD com diálogos telefônicos interceptados com autorização judicial. Mas disse que desconhecia que o repórter Rogério Pagnan, da Sucursal da Folha em Ribeirão, havia sugerido eliminar das gravações as conversas de caráter íntimo, o que não foi aceito por Elza. Para Buratti, o cuidado de Pagnan é um "atenuante importante".
O repórter pedira ajuda a Elza Buratti para identificar personagens e códigos usados pelo ex-secretário de Governo de Antonio Palocci Filho nas gravações.
Buratti criticou o jornal em depoimento à CPI dos Bingos na quinta-feira. "Se eu fosse falar de novo, não falaria do mesmo jeito. Mas continuo considerando que não é um procedimento adequado procurar uma pessoa da família ou a ex-mulher de alguém com esse objetivo", disse Buratti.
"Não acho que seja eticamente correto, de respeito à privacidade, entrar na casa da pessoa e procurar provas contra ela dessa forma." A ex-mulher de Buratti reafirmou ontem que o CD não interferiu no seu relacionamento, pois já estava separada havia pelo menos quatro meses.
Ela disse que não se sentiu constrangida porque nada da sua vida particular foi publicado pelo jornal. Ela condenou a ação do marido, de criticar publicamente o jornalista da Folha.
"Ele citou seu nome porque deve ter alguma coisa pessoal com você. Sou solidária com você", afirmou a Pagnan.
No CD, há 230 diálogos em mais de 12 horas de gravações entre Buratti e dezenas de personagens. Antes de entregar o CD à reportagem, advertiu que havia trechos pessoais que poderiam ser suprimidos. Elza quis ouvir tudo.
Rogério Buratti revelou à CPI que um repórter especial da Folha o procurara, quando "pediu desculpas formalmente em nome do jornal".
Em comentário interno, o ombudsman da Folha, Marcelo Beraba, observou ontem que, "se tudo ocorreu realmente como o jornal descreve, o repórter [Pagnan] agiu com correção", e que por isso "não dá para entender por que um outro repórter pediu desculpas em nome do jornal".
Na véspera do depoimento, Buratti contara ao repórter especial da Folha Mario Cesar Carvalho, no aeroporto de Brasília, que um repórter havia entregue à sua ex-mulher gravações com conversas íntimas dele com a atual namorada. Carvalho desconhecia o fato. E comentou que, se isso de fato ocorrera, o repórter havia errado. Em caráter pessoal, disse que, se a entrega das gravações ocorrera como Buratti tinha relatado, o repórter devia desculpas.
Nenhuma reportagem sobre os diálogos foi publicada pela Folha.
 
Nota da Redação - A Folha entende que a vida privada só tem relevância jornalística se estiver ligada a fato de interesse público. Foi com essa preocupação -a de tentar buscar elementos para esclarecer o caso de corrupção- que a reportagem procurou a ex-mulher de Rogério Buratti. Ela quis ouvir as gravações sem cortes, sabendo que havia trechos de conversas íntimas. A Folha deveria ter excluído essas partes para evitar eventuais constrangimentos. Apesar dessa falha, nada foi publicado a respeito.


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