São Paulo, sábado, 27 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT X PT

É grande a chance de o presidente interino renunciar à candidatura; petistas continuam pressionado Dirceu para deixar chapa

Berzoini diz que aceita substituir Tarso

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário-geral do PT, Ricardo Berzoini, avisou ontem ao presidente do partido, Tarso Genro, que aceitará substituí-lo na disputa pelo comando da sigla caso seja convidado. Foi a primeira vez que os dois discutiram diretamente a hipótese -antecipada há exatamente uma semana pela Folha- numa demonstração de que é grande a chance da renúncia.
Segundo petistas, Tarso parece tão resignado com a possibilidade que, na noite de quinta-feira, até concordou que a substituição já fosse submetida ao partido.
Berzoini reiterou seu apoio ao presidente do PT, dizendo que estará a seu lado qualquer que seja a decisão. Mas disse que não abandonará a disputa se essa for a opção de Tarso. "Continuo te defendendo. Mas, se você desistir, não vou deixar a disputa. Não estou me colocando, mas, se derem respaldo, eu vou", afirmou Berzoini, justificando: "Não sou homem de fugir à missão partidária".
Aos que insistem para que concorra, a resposta é a mesma. Mas com uma ressalva: Berzoini não quer enfrentar rivalidade interna no Campo Majoritário. "Se eu sentir qualquer rame-rame, caio fora", disse a interlocutores.
Tarso, por sua vez, tem reafirmado a disposição de esperar até amanhã para tomar sua decisão. Mas, nas conversas, duvidou que os articuladores de sua campanha convençam o ex-ministro José Dirceu a deixar a chapa, condição que apresenta para ficar.
Cético quanto à possibilidade de Dirceu sair, Tarso tem repetido que não vai recuar. "Para algumas pessoas é possível [manter Dirceu na chapa]. Para mim, não dá".
Ontem, em entrevista coletiva na sede do PT, Tarso fez críticas ao ex-ministro e afirmou seu apoio a um eventual novo candidato, mesmo que ele concordasse com a permanência de Dirceu."Se eu não for candidato, esses companheiros que estão com esse trabalho de renovação vão escolher um nome que tenha compromisso com esse projeto, embora, evidentemente, ancorado em problemas que eu não gostaria de enfrentar como presidente" (leia texto nesta página).
No PT a aposta é que o partido, traumatizado com as disputas internas, não se oponha a Berzoini. Mas, patrocinador da candidatura de Tarso, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), diz que "não será automática a escolha de Berzoini se Tarso desistir". Mercadante e parlamentares petistas fazem, neste fim de semana, seus últimos esforços para que Dirceu desista. "Não tenho tanta convicção de que dará resultado", admite.
E, embora reconheça que Tarso pecou no tom, Mercadante afirma que Dirceu "está cometendo um grave erro político". Segundo ele, o ex-chefe da Casa Civil "está subestimando o que vai acontecer se Tarso desistir". "Qualquer coisa errada será debitada na conta dele. Dirceu está avaliando incorretamente o sentimento do partido. Não sei quem o está informando. Mas está informando errado", disse Mercadante.
"O PT é uma árvore que, para dar frutos, precisa de uma poda. Se não, vira bananeira que já deu cacho", afirmou o senador.
Assessor especial da Presidência e um dos defensores da candidatura de Tarso, Marco Aurélio Garcia cobrou "sensatez" do partido: "Ou há uma convergência mínima. Ou estaremos prestando um desserviço para o governo, para o PT e para o país".


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