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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT X PT
É grande a chance de o presidente interino renunciar à candidatura; petistas continuam pressionado Dirceu para deixar chapa
Berzoini diz que aceita substituir Tarso
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário-geral do PT, Ricardo Berzoini, avisou ontem ao presidente do partido, Tarso Genro,
que aceitará substituí-lo na disputa pelo comando da sigla caso seja
convidado. Foi a primeira vez que
os dois discutiram diretamente a
hipótese -antecipada há exatamente uma semana pela Folha-
numa demonstração de que é
grande a chance da renúncia.
Segundo petistas, Tarso parece
tão resignado com a possibilidade
que, na noite de quinta-feira, até
concordou que a substituição já
fosse submetida ao partido.
Berzoini reiterou seu apoio ao
presidente do PT, dizendo que estará a seu lado qualquer que seja a
decisão. Mas disse que não abandonará a disputa se essa for a opção de Tarso. "Continuo te defendendo. Mas, se você desistir, não
vou deixar a disputa. Não estou
me colocando, mas, se derem respaldo, eu vou", afirmou Berzoini,
justificando: "Não sou homem de
fugir à missão partidária".
Aos que insistem para que concorra, a resposta é a mesma. Mas
com uma ressalva: Berzoini não
quer enfrentar rivalidade interna
no Campo Majoritário. "Se eu
sentir qualquer rame-rame, caio
fora", disse a interlocutores.
Tarso, por sua vez, tem reafirmado a disposição de esperar até
amanhã para tomar sua decisão.
Mas, nas conversas, duvidou que
os articuladores de sua campanha
convençam o ex-ministro José
Dirceu a deixar a chapa, condição
que apresenta para ficar.
Cético quanto à possibilidade
de Dirceu sair, Tarso tem repetido
que não vai recuar. "Para algumas
pessoas é possível [manter Dirceu
na chapa]. Para mim, não dá".
Ontem, em entrevista coletiva
na sede do PT, Tarso fez críticas
ao ex-ministro e afirmou seu
apoio a um eventual novo candidato, mesmo que ele concordasse
com a permanência de Dirceu."Se
eu não for candidato, esses companheiros que estão com esse trabalho de renovação vão escolher
um nome que tenha compromisso com esse projeto, embora, evidentemente, ancorado em problemas que eu não gostaria de enfrentar como presidente" (leia
texto nesta página).
No PT a aposta é que o partido,
traumatizado com as disputas internas, não se oponha a Berzoini.
Mas, patrocinador da candidatura de Tarso, o líder do governo no
Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), diz que "não será automática
a escolha de Berzoini se Tarso desistir". Mercadante e parlamentares petistas fazem, neste fim de semana, seus últimos esforços para
que Dirceu desista. "Não tenho
tanta convicção de que dará resultado", admite.
E, embora reconheça que Tarso
pecou no tom, Mercadante afirma que Dirceu "está cometendo
um grave erro político". Segundo
ele, o ex-chefe da Casa Civil "está
subestimando o que vai acontecer
se Tarso desistir". "Qualquer coisa errada será debitada na conta
dele. Dirceu está avaliando incorretamente o sentimento do partido. Não sei quem o está informando. Mas está informando errado", disse Mercadante.
"O PT é uma árvore que, para
dar frutos, precisa de uma poda.
Se não, vira bananeira que já deu
cacho", afirmou o senador.
Assessor especial da Presidência
e um dos defensores da candidatura de Tarso, Marco Aurélio Garcia cobrou "sensatez" do partido:
"Ou há uma convergência mínima. Ou estaremos prestando um
desserviço para o governo, para o
PT e para o país".
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