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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006
Governador e prefeito tucano cotados para disputar a Presidência participam de seminário no Rio e criticam duramente o governo
Serra e Alckmin atacam "lero-lero" de Lula
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Em passagem pelo Rio ontem,
dois tucanos cotados para disputar a eleição presidencial do ano
que vem fizeram críticas ao governo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT). O governador
de São Paulo, Geraldo Alckmin,
chegou a dizer que o governo federal é inoperante. Para o prefeito
de São Paulo, José Serra, "falta no
Brasil um governo que trabalhe
direito, com autoridade, coragem
e que deixe o lero-lero de lado".
"Entendo que o presidente fala,
mas não diz; ouve, mas não escuta; enxerga, mas não vê. É um monólogo. O presidente deveria chamar a imprensa, dar uma coletiva,
submeter-se às perguntas e explicar à sociedade. O povo brasileiro
merece explicações. É uma retórica encobrindo uma enorme inoperância do governo. É um governo inoperante que se esconde
atrás de uma retórica oca e vazia",
afirmou Alckmin.
Os dois participaram do 5º Encontro sobre Gestão Pública e Políticas Sociais, promovido pelo
Instituto Teotônio Vilela, ligado
ao PSDB. O governador de São
Paulo disse que, depois de analisar a última pesquisa do Ibope,
concluiu ser muito grave a situação de Lula em relação à sociedade brasileira. "Há uma enorme
perda de confiança no presidente
da República. É muito triste quando uma pesquisa mostra que mais
da metade da população não confia no presidente", afirmou ele.
Tanto o governador quanto o
prefeito negaram que estejam
pensando em deixar seus cargos
para concorrer pelo PSDB à presidência. Ambos disseram ser prematuro anunciar uma decisão sobre o assunto faltando mais de
um ano para a eleição.
Em sua palestra sobre gestão
pública, Serra falou pouco do PT,
mas não deixou de alfinetar Lula
em frases que foram aplaudidas
pelos cerca de 200 tucanos presentes, entre eles o ex-governador
do Rio Marcello Alencar, o ex-senador Artur da Távola e o deputado federal Eduardo Paes.
"Tem governo que assiste a
acontecer. Tem governo que não
sabe o que está acontecendo. Este
é o pior", disse Serra, para quem,
"do jeito que está a classe política
no Brasil, a necessidade de diferenciação é desesperadora".
Serra declarou ainda que a economia brasileira "não pode ser
um permanente altar de sacrifício". Segundo ele, "o custo do PT
para a economia foi descomunal", pois, embora "a conjuntura
mundial" seja "a melhor das últimas décadas", o Brasil se mantém
atrás de "seus pares" da América
Latina, com taxas de juros reais
"quase três vezes maiores" que a
maior parte do mundo. Ele citou
Argentina, Chile e Venezuela.
Na palestra, o prefeito de São
Paulo falou sobre o filósofo fascista italiano Giovanni Gentile
(1875-1944) como forma de reforçar as críticas que faz ao governo
petista. Gentile dizia que "para o
fascismo o lema é tudo para o Estado, nada contra o Estado, ninguém fora do Estado". Para Serra,
o PT "inovou no Brasil" ao transformar a frase em "tudo para o
partido, nada contra o partido,
ninguém fora do partido".
Serra previu que o sucessor de
Lula terá que reestatizar o Estado.
"Aqueles que criticaram a nossa
privatização, privatizaram o Estado brasileiro. Terá que haver uma
reestatização do Estado", afirmou
o prefeito, que disputou a presidência com Lula em 2002 e perdeu em segundo turno. Pesquisas
indicam que ele é, no momento, o
único adversário que bateria o
presidente na eleição de 2006.
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