São Paulo, sábado, 27 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006

Governador e prefeito tucano cotados para disputar a Presidência participam de seminário no Rio e criticam duramente o governo

Serra e Alckmin atacam "lero-lero" de Lula

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Em passagem pelo Rio ontem, dois tucanos cotados para disputar a eleição presidencial do ano que vem fizeram críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, chegou a dizer que o governo federal é inoperante. Para o prefeito de São Paulo, José Serra, "falta no Brasil um governo que trabalhe direito, com autoridade, coragem e que deixe o lero-lero de lado".
"Entendo que o presidente fala, mas não diz; ouve, mas não escuta; enxerga, mas não vê. É um monólogo. O presidente deveria chamar a imprensa, dar uma coletiva, submeter-se às perguntas e explicar à sociedade. O povo brasileiro merece explicações. É uma retórica encobrindo uma enorme inoperância do governo. É um governo inoperante que se esconde atrás de uma retórica oca e vazia", afirmou Alckmin.
Os dois participaram do 5º Encontro sobre Gestão Pública e Políticas Sociais, promovido pelo Instituto Teotônio Vilela, ligado ao PSDB. O governador de São Paulo disse que, depois de analisar a última pesquisa do Ibope, concluiu ser muito grave a situação de Lula em relação à sociedade brasileira. "Há uma enorme perda de confiança no presidente da República. É muito triste quando uma pesquisa mostra que mais da metade da população não confia no presidente", afirmou ele.
Tanto o governador quanto o prefeito negaram que estejam pensando em deixar seus cargos para concorrer pelo PSDB à presidência. Ambos disseram ser prematuro anunciar uma decisão sobre o assunto faltando mais de um ano para a eleição.
Em sua palestra sobre gestão pública, Serra falou pouco do PT, mas não deixou de alfinetar Lula em frases que foram aplaudidas pelos cerca de 200 tucanos presentes, entre eles o ex-governador do Rio Marcello Alencar, o ex-senador Artur da Távola e o deputado federal Eduardo Paes.
"Tem governo que assiste a acontecer. Tem governo que não sabe o que está acontecendo. Este é o pior", disse Serra, para quem, "do jeito que está a classe política no Brasil, a necessidade de diferenciação é desesperadora".
Serra declarou ainda que a economia brasileira "não pode ser um permanente altar de sacrifício". Segundo ele, "o custo do PT para a economia foi descomunal", pois, embora "a conjuntura mundial" seja "a melhor das últimas décadas", o Brasil se mantém atrás de "seus pares" da América Latina, com taxas de juros reais "quase três vezes maiores" que a maior parte do mundo. Ele citou Argentina, Chile e Venezuela.
Na palestra, o prefeito de São Paulo falou sobre o filósofo fascista italiano Giovanni Gentile (1875-1944) como forma de reforçar as críticas que faz ao governo petista. Gentile dizia que "para o fascismo o lema é tudo para o Estado, nada contra o Estado, ninguém fora do Estado". Para Serra, o PT "inovou no Brasil" ao transformar a frase em "tudo para o partido, nada contra o partido, ninguém fora do partido".
Serra previu que o sucessor de Lula terá que reestatizar o Estado. "Aqueles que criticaram a nossa privatização, privatizaram o Estado brasileiro. Terá que haver uma reestatização do Estado", afirmou o prefeito, que disputou a presidência com Lula em 2002 e perdeu em segundo turno. Pesquisas indicam que ele é, no momento, o único adversário que bateria o presidente na eleição de 2006.


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