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Intenção de Ciro foi "vetada" pelo ex-comunista Roberto Freire
Ex-ministro retira citação à
Bíblia de discurso de filiação
da Sucursal de Brasília
Entre o nem socialista nem esquerdista Ciro Gomes e seu novo partido, o PPS (Partido Popular Socialista) -sucessor do
Partido Comunista Brasileiro-, ontem só se revelou uma
pequena divergência.
Foi quando o ex-ministro resolveu recorrer à Bíblia para explicar a filiação ao PPS: "Está na
Bíblia: vai com os pequenos para
enfrentar os grandes", disse,
diante das câmeras de televisão,
logo na chegada a Brasília, ao
tornar clara sua intenção de disputar o Palácio do Planalto nas
eleições do próximo ano.
"Aí não", reagiu baixinho o
ex-comunista Roberto Freire
(PE), presidente do PPS, que estava pouco atrás de Ciro.
A referência à Bíblia estava no
discurso que o ex-governador
tucano levava escrito para a solenidade de filiação e que acabou
substituído pelo improviso. A
Bíblia ficou de fora.
Mas não seria por causa da inspiração bíblica que Ciro deixaria
de se adequar ao perfil do partido, traçado pelo próprio Roberto Freire.
O PPS deixou de lado, junto
com o nome de comunista, as
idéias de Karl Marx e Vladimir
Lênin e se define como um partido "pluralista e laico", onde cabem democratas, social-democratas, comunistas e socialistas,
segundo Freire. "Só os antidemocratas, torturadores e corruptos não entram", disse.
Deputados
Em consequência da filiação
de Ciro, o PPS recebeu a adesão
de três deputados federais do
PSDB cearense (Leônidas Cristino, Antônio Balhmann e Pimentel Gomes) e dobrou sua representação no Congresso.
Até o prazo final de filiação
-3 de outubro-, o partido fará um mutirão de adesões.
Mesmo sem tradição na esquerda brasileira, Ciro Gomes
tratou de destacar afinidades
com o partido, que também vem
se distanciando da esquerda
mais tradicional.
"Vejo muita identidade com a
história recente do PPS", disse,
passando rapidamente em revista o seu passado: "No movimento estudantil, eu briguei
com o PC do B, mas com o partidão não."
Política social
É verdade que Ciro e o PPS
vêm mantendo o mesmo discurso desde o ano passado.
Em resumo, defendem uma
alternativa ao chamado neoliberalismo e à esquerda tradicional.
Querem mais ênfase na política social, mas não se opõem ao
Plano Real nem à globalização
da economia.
As diferenças em relação ao
discurso do presidente Fernando Henrique Cardoso são pequenas. "O discurso pode ser
igual, mas não é o que ele está
fazendo", disse Freire.
(MS)
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