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ACRE
Matias colocou de volta em regime fechado 24 assassinos e traficantes que cumpriam prisão domiciliar
Juiz é afastado após prender condenados
ABNOR GONDIM
enviado especial a Rio Branco
PAULO MOTA
da Agência Folha, em Rio Branco
A Justiça do Acre afastou, no dia
3, o juiz Marcos Thadeu de Andrade Matias, da Vara de Execuções Penais de Rio Branco. A decisão foi tomada um dia depois de
ele ter mandado de volta ao regime fechado 24 de 38 assassinos e
traficantes que estavam em prisão
domiciliar havia dois anos.
Entre os favorecidos estavam 2
dos 26 acusados pela CPI do Narcotráfico de participar do grupo
de tráfico de drogas e de extermínio supostamente liderado pelo
ex-deputado Hildebrando Pascoal, cassado e preso na semana
passada.
No lugar de Matias, foi nomeado o juiz Pedro Ranzi, que colocou os 38 em prisão domiciliar.
O afastamento de Matias ocorreu no mesmo dia em que foi publicada no "Diário da Justiça" a
sua decisão de cancelar as prisões
domiciliares. Na segunda-feira
seguinte, Ranzi assumiu o cargo e
revogou a decisão do antecessor.
A decisão beneficiou o homicida condenado Alexandre Alves
da Silva, irmão do deputado federal José Aleksandro da Silva (PFL-AC), que assumiu a vaga aberta
com a cassação de Hildebrando.
Alexandre é um dos denunciados
pela CPI do Narcotráfico.
A decisão de Ranzi manteve fora da cadeia Francisco de Souza
Farias, vulgo "Cai-Cai", condenado a 25 anos por homicídio e por
ter sido preso em 1982 com 100 kg
de cocaína em São Paulo.
O vice-presidente do Tribunal
de Justiça do Acre, Jersey Pacheco
Nunes, foi fiador de um empréstimo bancário de US$ 22 mil, feito
em 1984 por uma empresa da mulher do traficante.
Quando foi notificado para voltar à prisão, no início deste mês,
Farias mobilizou o desembargador Ciro Facundo e o deputado
estadual Aureliano Pascoal (PL),
primo do ex-deputado Hildebrando, para pressionar Matias.
A Folha apurou que eles visitaram o gabinete de Matias um dia
antes de a revogação das prisões
domiciliares ter sido publicada.
Na sexta-feira, Ciro Facundo estava em reunião e não atendeu
pedido de entrevista. O deputado
não foi localizado.
O nome do traficante não consta do catálogo telefônico de Rio
Branco. Seu advogado também
não foi encontrado.
A assessoria do TJ afirmou que
o juiz Matias foi afastado para que
as irregularidades na soltura dos
condenados fossem apuradas.
Segundo Ranzi, a prisão domiciliar foi aplicada em 97 em razão
de uma rebelião ter criado um clima de insegurança na penitenciária estadual. "Eu tinha consciência das irregularidades. Tomei essa decisão para evitar um caos. Se
eles voltassem para a prisão, correriam risco de vida ", afirmou.
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