São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 2000

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Mudança no crédito impede acordo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O principal entrave na negociação entre MST e governo é a mudança da linha de crédito para os assentados. A reunião de ontem reforçou as divergências entre as duas partes sobre os critérios de financiamento para os sem-terra.
O MST vem reivindicando um empréstimo de R$ 2.000 na linha A do Pronaf, que tem juros de 1,15% ao ano e rebate (desconto) de 40% na hora do pagamento.
O governo não aceita que assentados já atendidos continuem na linha A e exige que eles busquem novos empréstimos na linha C do Pronaf, que tem juros anuais de 4% e desconto fixo de R$ 200.
Na reunião de ontem, o MST propôs reduzir o empréstimo de R$ 2.000 para R$ 1.000 na linha A, mas o governo não aceitou. Para o presidente do Incra, Orlando Muniz, 15 mil famílias deixariam de ser atendidas na linha A do Pronaf se a proposta fosse aceita.
O governo propôs um bônus de R$ 40 para quem pagar em dia o empréstimo de R$ 2.000 na linha C do Pronaf, mantendo os juros a 4% ao ano e o rebate fixo de R$ 200. Ao final de um ano, o assentado pagaria R$ 1.840 ao banco.
Os sem-terra não querem mudar de linha porque alegam não conseguir cumprir as exigências dos bancos. O secretário nacional de Agricultura Familiar, Nelson Borges, admite que o problema precisa ser resolvido. Segundo ele, o governo estuda um modo de desburocratizar a linha C.
O governo não aceita o argumento de que os sem-terra não têm condições de arcar com as condições da linha C do Pronaf. Para o ministro Raul Jungmann, o MST não quer que os assentados se tornem agricultores familiares para não perder base política.
O governo alega ainda que o Pronaf tem uma lógica que deve ser cumprida. O objetivo do programa é fazer com que o assentado entre pela linha A e chegue ao perfil do cliente da linha D, que atende trabalhadores rurais com renda anual de até R$ 27,5 mil.


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