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Mudança no crédito impede acordo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O principal entrave na negociação entre MST e governo é a mudança da linha de crédito para os
assentados. A reunião de ontem
reforçou as divergências entre as
duas partes sobre os critérios de
financiamento para os sem-terra.
O MST vem reivindicando um
empréstimo de R$ 2.000 na linha
A do Pronaf, que tem juros de
1,15% ao ano e rebate (desconto)
de 40% na hora do pagamento.
O governo não aceita que assentados já atendidos continuem na
linha A e exige que eles busquem
novos empréstimos na linha C do
Pronaf, que tem juros anuais de
4% e desconto fixo de R$ 200.
Na reunião de ontem, o MST
propôs reduzir o empréstimo de
R$ 2.000 para R$ 1.000 na linha A,
mas o governo não aceitou. Para o
presidente do Incra, Orlando Muniz, 15 mil famílias deixariam de
ser atendidas na linha A do Pronaf se a proposta fosse aceita.
O governo propôs um bônus de
R$ 40 para quem pagar em dia o
empréstimo de R$ 2.000 na linha
C do Pronaf, mantendo os juros a
4% ao ano e o rebate fixo de R$
200. Ao final de um ano, o assentado pagaria R$ 1.840 ao banco.
Os sem-terra não querem mudar de linha porque alegam não
conseguir cumprir as exigências
dos bancos. O secretário nacional
de Agricultura Familiar, Nelson
Borges, admite que o problema
precisa ser resolvido. Segundo ele,
o governo estuda um modo de
desburocratizar a linha C.
O governo não aceita o argumento de que os sem-terra não
têm condições de arcar com as
condições da linha C do Pronaf.
Para o ministro Raul Jungmann, o
MST não quer que os assentados
se tornem agricultores familiares
para não perder base política.
O governo alega ainda que o
Pronaf tem uma lógica que deve
ser cumprida. O objetivo do programa é fazer com que o assentado entre pela linha A e chegue ao
perfil do cliente da linha D, que
atende trabalhadores rurais com
renda anual de até R$ 27,5 mil.
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