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Presidente da OAB critica o governo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Reginaldo de
Castro, um dos mediadores da
negociação entre o governo e os
sem-terra, causou o momento de
maior tensão na reunião de ontem. Quando a discussão caminhava para o impasse, Castro acusou o governo de "arrogância" no
tratamento dispensado ao MST.
O discurso provocou a reação
imediata do presidente do Incra,
Orlando Muniz, que falou em nome do governo. Muniz disse que o
presidente da OAB estava sendo
"parcial" na sua avaliação ao emitir juízo de valor.
Mais tarde, o ministro Raul
Jungmann (Desenvolvimento
Agrário) afirmou que a posição
de Castro inviabilizou a negociação. "É um desserviço à mediação. Ao personalizar, ele amesquinha a mediação. Não estava lá
como juiz, mas para abrir espaço
e resolver o problema", disse.
"Como mediador, eu tenho de
emitir juízo de valor. Se não, como vou saber quem está certo?",
questionou o presidente da OAB.
Castro disse que poderá não ir à
audiência que será pedida ao presidente FHC: "O mediador só tem
efeito se as duas partes o aceitam".
Depois da reunião, Castro voltou a afirmar que o governo trata
o MST com "arrogância" e não
demonstra disposição em negociar. "Chegar à mesa e dizer que
não tem nada a oferecer é um sinal de arrogância", disse ele, que
foi advogado do PSDB em 1994.
Os representantes das três entidades -OAB, CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil)
e Conic (Conselho Nacional das
Igrejas Cristãs do Brasil)- deixaram a reunião defendendo o MST
e atribuindo ao governo a maior
responsabilidade pelo impasse.
Para eles, o grupo escalado para
negociar pelo governo não tinha
poder de decisão e foi ao encontro
só para apresentar a posição oficial. "Saímos entristecidos, pois
sentimos a limitação desse grupo
para negociar", afirmou o secretrário-geral do Conic, pastor Ervino Schmidt. "Não são negociadores, vieram apenas dizer o que
pensa o governo", disse Castro.
Finda a rodada de negociação, o
presidente da CNBB, dom Jayme
Chemello, justificou as invasões
de terras do MST: "Quando a pessoa está com fome faz muitas coisas que não estão na lei".
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