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Crédito para MST não
existe "na prática"
ELIANE SILVA
DA AGÊNCIA FOLHA
A opção de crédito de custeio
para a safra 2000-2001 que o governo oferece aos assentados e o
MST recusa -financiamento pela linha C do Pronaf, com juros de
4% e desconto fixo de R$ 200
-ainda não existe na prática, ou
seja, nos bancos.
Isso porque os bancos só estão
fechando contratos com os produtores que foram atendidos na
safra passada e a maioria das 110
mil famílias de assentados que
reivindicam o crédito especial
não teve acesso a custeio em 1999.
As mudanças nas regras de concessão de crédito, com a substituição do Procera (Programa de Crédito Especial para a Reforma
Agrária) pelo Pronaf, alterou a
condição de assentados para pequenos agricultores, gerou polêmica e causou atraso na liberação
dos recursos. "A verba só saiu em
dezembro, quando já era muito
tarde para plantar", disse José
Rainha Júnior, líder do MST.
Os números do Ministério do
Desenvolvimento Agrário mostram queda no número de famílias atendidas pelo crédito rural
na safra passada. Em 1999, o governo financiou 491.409 contratos
no país, contra 709.906 na safra
anterior. Os recursos aplicados
em 1999 foram de R$ 1,12 bilhão
contra R$ 1,81 bilhão em 1998.
Paulo Ricci, gerente de agronegócios do Banco do Brasil em São
Paulo, afirmou que o banco não
pode atender novos produtores
nesta safra porque recebeu os
mesmos recursos do ano passado.
O gerente disse que as novas regras do crédito agrícola e o fato de
o governo ter fechado a liberação
de recursos em maio (após a onda
de invasões de prédios públicos
pelos sem-terra) limitaram o
acesso dos assentados às verbas.
Segundo a superintendência do
BB em Brasília, o banco tem disponíveis até dezembro deste ano
R$ 164 milhões para a linha A, exclusiva para recém-assentados,
com juros de 1,15% ao ano e desconto de 40% para o pagamento
em dia, R$ 277 milhões para a linha C e mais R$ 627 milhões para
o Pronaf D (agricultores com renda anual de R$ 8.000 a R$ 27.500).
Os recursos das linhas C e D foram disponibilizados em agosto.
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