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DISSE-QUE-DISSE
O que pensa quem quer e quem não quer votar
LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL
B em , o primeiro turno está logo ali, no domingo, e lá vamos nós exercer o democrático direito ao voto. Direito ou obrigação?
Pode parecer fora de hora essa
dúvida, mas o artigo que escrevi
há duas semanas defendendo o
voto facultativo, a repercussão
que o mesmo causou e a sugestão
de diversos leitores tornam necessário o retorno ao tema, ainda
que pela última vez, nesta eleição.
A imensa maioria das manifestações que recebi foi de apoio ao
voto não-obrigatório (70 em 78 e-mails). Publiquei isso, mas voltei
a receber mensagens de leitores,
pedindo que os motivos dos que
eram a favor e contra fossem detalhados um pouco mais, em nome do disse-que-disse eleitoral e
do aprimoramento democrático.
Como concordo plenamente
com isso, aí vai o conteúdo resumido de alguns e-mails recebidos:
"A instituição do voto facultativo teria como fator mais positivo
o fortalecimento da intensidade
das preferências dos eleitores.
Quando todo eleitor tem o dever
do voto, o valor do voto de todos é
igual, independentemente do
compromisso de cada um com o
processo político. Se apenas os que
se importam mais votam -ou os
que votam "melhor'?-, esse problema, clássico na teoria política,
seria amenizado. A questão me
parece enganosa, porém. Se o problema é a falta de comprometimento dos cidadãos com a política, a adoção do voto facultativo
só iria agravar o problema, retirando completamente a política
da vida dos desinteressados."
(João Carlos Aidar Haddad).
"Como os políticos vão saber
que a população não está satisfeita com eles enquanto essa população continuar votando, mesmo
que ache não existir nenhum bom
candidato, votando no menos
ruim ou naquele que ela acha que
vai ganhar mesmo?" (Michele).
"Pergunto: qualquer tipo de
obrigação é prazerosa? Claro que
não! O ato de votar é um exercício
de democracia, tem objetivo, tem
sentimento, equilíbrio, vontade e
prazer. Sentir-se participante,
atuante e principalmente ter um
eleger consciente. Sem esses ingredientes, não vale a pena votar."
(Angela Luiza Bonacci).
"Estou revoltado com a Justiça
Eleitoral desde a implantação do
voto eletrônico, já que sempre me
pareceu que seria óbvio e ululante a obrigação de haver naquela
maquininha a opção explícita pelo voto nulo, pelo qual não estou
fazendo campanha, apesar de geralmente ser minha opção anulá-lo." (Everal Rimbald).
"O voto facultativo não deve ser
aplicado no Brasil pelo simples
motivo de que, se não for obrigatório, ninguém vota, poucos irão
votar... Se existem pessoas que
não querem votar, é melhor votar
nulo." (Jacqueline).
"A minha pergunta é: até que
ponto o voto facultativo é de interesse da imprensa, para que ela
pressione, ou melhor, ajude nessa
transformação tão necessária para o país?" (Maria Marta Botelho).
"O voto não-obrigatório tornaria a manipulação do voto ainda
mais fácil. Um exemplo prático:
pesquisa indica que um determinado bairro vai votar no candidato da oposição. O candidato da
situação vai até os donos das empresas de ônibus e faz um acordo.
No dia da eleição, os ônibus não
circulam naquele bairro (isso
aconteceu em Salvador em 89).
Com o voto-não obrigatório, falta
de transporte, calor, quem vai se
preocupar em votar?" (Antonio
Sampaio Doria).
"Esse autoritarismo (do voto
obrigatório) já deveria estar extinto há muito tempo! Se o voto
fosse facultativo, os políticos pensariam melhor antes de cometer
todas as barbaridades que nós sabemos. Estamos chegando a um
ponto de total descrédito da classe
política por culpa deles mesmos."
(José Luiz Pereira da Silva).
"Está mais do que na hora de o
Congresso aprovar um projeto legalizando o voto facultativo, pois,
num país democrático como o
Brasil, nada mais justo que cada
cidadão decida se deve ou não votar. Contudo, cada eleitor deve ter
consciência de sua decisão, pois
quem não vota perde a chance de
ajudar a mudar a cara de nosso
país." (Vinicius Pozza).
"Acho ótimo que acabassem
com o voto obrigatório. Seria
uma revolução na qualidade dos
eleitos. Mais ainda se viesse o voto
distrital." (Rogerio Campos).
Democracia é isso aí: todos dizem o que pensam, cada um escolhe o que considera melhor.
caversan@uol.com.br
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