São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 2000

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Peemedebista tem "holding" da Igreja Batista

DA REPORTAGEM LOCAL

Lamartine Posella Sobrinho (PMDB), candidato a vice-prefeito de São Paulo na chapa de Romeu Tuma (PFL), controla uma verdadeira holding da Igreja Batista, em São Paulo.
Formado em teologia, ele é pastor da Igreja Batista Palavra Viva, da qual também é presidente. A sede da igreja fica na Lapa (zona noroeste de São Paulo).
Ele afirma que fundou a congregação há cerca de dez anos e, quando ela se tornou "auto-sustentável", alugou um imóvel para instalar a igreja. Hoje, a congregação de Posella já tem cinco igrejas.
O candidato é um poliglota. Faz traduções simultâneas de inglês, fala francês com fluência e foi professor de grego koinê (língua morta, é o grego comum falado na época de Jesus Cristo). Ele também é músico -ou "musicista", como prefere: toca piano e violão.
Aos 39 anos, Posella está no segundo mandato de deputado federal. Elegeu-se pela primeira vez em 1994 pelo PP (Partido Progressista). No ano seguinte, o partido fundiu-se com o PPR (Partido Progressista Renovador) e formou o PPB, legenda do candidato Paulo Maluf.
Em outubro de 1998, Posella foi reeleito pelo PPB. Na campanha, ele distribuiu marcadores de página para Bíblia aos eleitores evangélicos.
Dois meses depois de eleito, em dezembro daquele mesmo ano, Posella mudou-se para o PMDB, pouco antes de tomar posse.
"Queria ter mais liberdade para votar contra o governo", afirma o candidato a vice de Tuma.
Em 1999, ele votou a favor da emenda constitucional que prorrogou a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) e da lei que permite a cobrança previdenciária dos servidores inativos -dois projetos defendidos pelo governo federal.
Posella foi considerado um deputado federal com "atuação fraca" pelo caderno especial "Olho no Congresso", publicado pela Folha em março.
"Ideologicamente, o PMDB é mais voltado para as questões democráticas e sociais", diz o candidato, que afirma ter tido relação "muito distante" com Maluf. "Nunca fui do time dele."
A escolha de Posella para ser candidato a vice de Tuma foi tumultuada. A polícia precisou intervir oito vezes para conter os ânimos dos convencionais no dia da escolha. Venceu a convenção do PMDB por apenas 12 votos. O suplente de deputado federal Bebeto Haddad obteve 111 votos, e Posella, 123 votos.
O apoio do ex-governador Orestes Quércia, principal líder do PMDB em São Paulo, foi fundamental para sua vitória. "Todo mundo sabe que meu líder político é o ex-governador (Quércia)", afirma.


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