São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 2000

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Petista omite ações de empresa

DA REPORTAGEM LOCAL

Hélio Bicudo omitiu sua participação na empresa Cepar Empreendimentos e Participações Ltda. na declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral em julho. Ele afirma que a declaração é cópia de seu Imposto de Renda.
De acordo com especialistas ouvidos pela Folha, a irregularidade pode levar, eventualmente, a processos por crime contra a ordem tributária e econômica e por crime de falsidade ideológica.
Documentos registrados na Junta Comercial de São Paulo mostram que a Cepar foi fundada em 19 de outubro de 1984. Na época, Bicudo tinha 6,88% empresa.
Em 30 de julho de 1997, quando foi registrada a última alteração de sócios, a participação dele caiu de 5,8% para 3,87%. Isso equivale a 14.190 quotas, que, na época, eram negociadas com ágio.
Somando-se o valor nominal das quotas com o ágio, a participação de Bicudo valeria R$ 97.201,50. Ele afirma que as ações são "uma coisa simbólica".
Bicudo pode sofrer investigação tributária porque afirma que a declaração de bens foi feita "em conformidade com a declaração do Imposto de Renda do exercício de 1999". Assim, a empresa também teria sido omitida do Fisco.
Na declaração de bens entregue em 1994, quando ele foi candidato a deputado federal, a empresa também não foi declarada.
A Cepar detém parte das ações da Capital Center Hotéis S/A, que é dona do hotel Crowne Plaza.
Segundo a declaração de bens de Bicudo, ele também é acionista direto da Capital Center Hotéis. Suas ações estão declaradas por R$ 741.648,75.
Em entrevista à Folha, Bicudo afirmou que ganhou sua participação na empresa em virtude da assessoria jurídica que prestou aos empresários desde a construção do hotel, em 1974.
Até 1979, quando se aposentou, Bicudo não podia fazer serviços de assessoria, por ser membro do Ministério Público Estadual.
Ao ser questionado sobre o fato, Bicudo disse não se lembrar do período em que a assessoria foi prestada. Ele só ingressou oficialmente na empresa em 1980.
Os sócios de Bicudo na Cepar são Nelson Luiz Baeta Neves e Jayme Alipio de Barros.
Baeta Neves, que é presidente da Capital Center, trabalhou no governo Collor (1989-92). Foi o principal assessor do então ministro Antônio Cabrera (Agricultura). Deixou o ministério sob a acusação de prestar assessoria informal à Construtora OAS.


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