São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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CAMPANHA

Presidente do PFL reafirma apoio a Ciro Gomes (PPS) e diz que seu partido e o PT são "antagônicos" nos programas e "não se misturam"

Bornhausen critica apoio de Roseana a Lula

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), divulgou nota ontem recriminando e desautorizando a manifestação pública de apoio da ex-governadora Roseana Sarney (PFL-MA) à candidatura presidencial do petista Luiz Inácio Lula da Silva.
"Se verdadeira a anunciada decisão de voto de Roseana Sarney, a decisão carece de visão nacional", diz a nota de Bornhausen, que não teve o cuidado de avisar Roseana antes da divulgação.
Ele alegou que "o PFL e o PT são partidos antagônicos em seus programas e não se misturam", conforme já vinha dizendo em entrevistas ao negar apoio a Lula num eventual segundo turno.
Bornhausen também reafirmou "voto e apoio" para o candidato da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB), Ciro Gomes, a quem disse considerar "o mais preparado para dirigir o país em momento tão grave". A íntegra de Bornhausen foi reproduzida no site de Ciro.
Foi Bornhausen quem lançou o nome de Roseana à corrida presidencial. E ele se manteve seu fiel aliado durante toda a turbulência que derrubou a candidatura da ex-governadora à Presidência.
No último dia 12, foi a São Luís (MA) para uma conversa reservada com Roseana e seu pai, o ex-presidente José Sarney, do PMDB, o primeiro do clã a anunciar publicamente apoio a Lula.
Nessa conversa, Bornhausen pediu explicitamente a Roseana que não declarasse voto em Lula, já que o apoio de Sarney já significava uma sinalização suficiente para a família e, como ele é do PMDB, preservava o PFL. A ex-governadora aparentemente aceitou. Mas anteontem não resistiu e abriu o voto em Lula em comício.
Bornhausen soube pelos jornais e nem se deu ao trabalho de ligar ontem para Roseana, que estava trancada num estúdio gravando a propaganda eleitoral com crianças. Simplesmente, pediu a um assessor que tentasse avisá-la. Bornhausen tem duas preocupações básicas hoje: 1) evitar que o PFL seja acusado de oportunismo, já que o PT pode vencer no primeiro turno; 2) que o partido perca o velho pragmatismo e se mova unicamente pelo ódio ao candidato tucano, José Serra.
Roseana e seus assessores, porém, cobram coerência. Se o partido liberou seus filiados para votar em quem bem entenderem, por que eles podem votar em Serra, Ciro ou Garotinho, menos em Lula? Bornhausen e os seus respondem sempre com a questão ideológica: o PFL e o PT estão em espectros opostos da política nacional e o melhor lugar para os pefelistas, num eventual governo Lula, será a estréia na oposição.


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