DA REPORTAGEM LOCAL

Produtores da campanha de Paulo Maluf -candidato ao governo de São Paulo pelo PPB- aproveitaram ontem um motim de presos e familiares no 5º DP (Aclimação) para tentar gravar declarações contrárias à desativação do complexo do Carandiru -feita pelo governo de Geraldo Alckmin no dia 15 de setembro.
Entre as 12h e as 13h, uma equipe da MPI Produções tentou entrevistar familiares que esperavam notícias das 80 mulheres e crianças que, desde anteontem, se recusavam a deixar o DP, em protesto contra superlotação, maus-tratos e má alimentação.
Portando crachá da produtora e uma credencial de imprensa, um entrevistador, acompanhado de câmera e produtor, perguntou oito vezes a Maria Lucia da Silva Oliveira, 41: "O problema que está acontecendo aqui tem a ver com a desativação do Carandiru?". Mãe de um dos detentos do 5º DP, ela respondia: "Isso eu não sei dizer".
Questionado pela Folha sobre para quem estava trabalhando, o entrevistador, que não quis se identificar, respondeu somente: "Para o 11. Maluf".
Procurada ontem, a assessoria de imprensa de Maluf informou que não vê problemas em uma equipe da produtora da campanha do candidato fazer cobertura de "fatos públicos".

Cadeiões
Ontem, Maluf prometeu ontem que, se eleito, desativará e transformará em faculdade pública ao menos oito unidades de presos.
Maluf se referiu a dois tipos de unidades prisionais -cadeiões, como o de Pinheiros (zona oeste de SP), e os CDPs (Centros de Detenção Provisória). Quanto aos cadeiões, chegou a dizer que desativará todos que ficam na região metropolitana de São Paulo.
"Não quero nenhum cadeião dentro da Região Metropolitana de São Paulo", disse o candidato em Mauá (Grande São Paulo), onde participou de uma carreata.
Para cumprir a promessa, Paulo Maluf teria que desativar 32 cadeiões, meta que ele diz conseguir cumprir em dois anos.



Texto Anterior: Para tucano, cassação não "tem sentido"
Próximo Texto: Alckmin tem 28%, e Maluf, 26%, diz Ibope
Índice