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JANIO DE FREITAS
Esquerda, volver
Atitude típica da esquerda:
primeiro, dividiu-se em várias
pequenas frações, cuja integração
poderia superar os 42% obtidos
pelos governistas na disputa pela
presidência do PT; agora, diante
do segundo turno, precipita o
abandono do partido por militantes em massa, antes de votar
na segunda oportunidade, daqui
a apenas 12 dias, de opor-se aos
co-responsáveis pela aliança PT,
Valério & cia.
Seja como for, Lula e seu governo estão colhendo a mais expressiva condenação, acima de quedas em pesquisas, derrotas na Câmara, vaias na rua. É no próprio
PT que Lula está contestado por
metade dos companheiros que se
manifestaram. E, em grande parte, são trabalhadores que estão
deixando o seu velho PT, ex-companheiros sindicalistas que continuam fora dos palácios, gente da
silenciada CUT.
A laranjada
A CPI dos Correios está enrolada nas dificuldades para verificar
a passagem de empréstimos de
Marcos Valério, originários do
Banco Rural, para o PT. São saques e outros documentos demais, de identificação freqüentemente difícil e, para maior complicação, com evidências de incontáveis falsos destinatários, os
chamados laranjas.
Mas, aqui fora, continua-se sem
entender por que não é verificada
nos documentos do Banco Rural
a existência, ou não, dos empréstimos. Se existiram, a partir de
sua data têm que estar nos registros contábeis do banco feitos então. Se lá estão, eis a resposta para
parte substancial do dinheiro
usado por Valério e Delúbio. Se lá
não aparecem, ou se aparecem
com indícios de manipulação recente da contabilidade, é uma
busca trabalhosa que pode ser logo substituída por outras ainda
promissoras.
Trabalhar sobre a contabilidade do banco é muito mais fácil do
que pesquisar nos milhares de documentos avulsos de Valério, suas
empresas, fornecedores, clientes e
laranjas. Aguarda-se.
Interrogação
A importância dada à eleição
para a presidência da Câmara,
amanhã, é desproporcional ao
que se pode supor do seu papel no
ano e pouco que lhe caberá. O governo Lula não tem grandes projetos a tramitar entre as dissenções parlamentares. Nem é largo
o campo de manobras possíveis
do futuro presidente, seja em relação às possíveis cassações ou outros problemas. O clima geral
continuará hostil às habituais
malandrices.
Até amanhã de manhã, toda
indicação de resultado será mero
palpite. O excesso de candidatos
se explica pelo interesse, de vários
deles, de negociar alguma coisinha. Boa, ou mais do que pessoal,
por certo não é. Como o governo
entrou para valer no jogo, está
claro que há muito negócio possível, em troca mesmo que meia
dúzia de votos ou nem isso.
Ainda assim, e na linha do palpite, Lula e o seu imposto candidato Aldo Rebelo não valem uma
aposta que vá além do primeiro
turno. A se considerarem as condições de equilíbrio, experiência
parlamentar e trânsito nos diversos lados, José Thomaz Nonô se
mostra o menos sujeito a restrições para a tarefa de melhorar
um pouco o conceito público da
Câmara. Mas, nesse caso, o problema começa por se saber se a
melhora de conceito importa alguma coisa para a atual Câmara.
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