|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O QUE É ISSO, COMPANHEIRO?
Declaração de ex-ministro à Folha de que o presidente teria "responsabilidade política" é considerada injusta pelo Planalto
Lula acha que fala de Dirceu estica a crise
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva não gostou da declaração do
ex-ministro José Dirceu de que
tem "responsabilidade política"
pela crise. Em entrevista à Folha,
publicada anteontem, Dirceu disse: "O Lula tem responsabilidade
política porque era líder do PT,
mas os graus são diferentes".
Além da eleição para a presidência da Câmara, a entrevista de
Dirceu foi tema da reunião de
Coordenação de Governo -grupo com os principais ministros de
Lula que se reúne semanalmente
para discutir as diretrizes de governo e temas da conjuntura.
De acordo com relato de auxiliares do presidente, Lula considerou injusta a declaração: disse que
era o ex-ministro quem cuidava
da articulação política no primeiro ano de mandato, quando teria
começado o suposto "mensalão".
Para Lula e ministros, Dirceu teria dado recados. Um exemplo foi
dizer com todas as letras que Lula
tem "responsabilidade política",
apesar de afirmar que o presidente não tinha conhecimento dos recursos de caixa dois do PT. A avaliação feita foi a de que Dirceu
atua de uma forma a prolongar a
crise ao contrário de encurtá-la.
Segundo a cúpula do governo,
ao ter se recusado a renunciar e ao
pressionar parlamentares do PT a
manter a mesma posição, Dirceu
prolonga a crise. No Palácio do
Planalto, vê-se o dedo do ex-ministro na estratégia de defesa dos
sete petistas (Dirceu incluso) que
lutam contra a recomendação das
CPIs dos Correios e do Mensalão
para que o Conselho de Ética da
Câmara dê início a processo de
cassação contra eles.
Um ministro disse que Dirceu
atuou diretamente para convencer três parlamentares a não renunciar: o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (SP), o
ex-líder do governo na Casa Professor Luizinho (SP) e o ex-líder
da bancada do PT na Câmara
Paulo Rocha (PA).
Na visão do governo, os recursos na Câmara e no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o rito de tramitação das acusações
que esses petistas sofrem no Legislativo dificilmente impedirão
as cassações, mas certamente
alongarão o tempo de crise.
Para Lula e os ministros, a queda de popularidade do governo e
do presidente nas últimas pesquisas é o reflexo de quatro meses de
fatos negativos no noticiário.
Texto Anterior: Corpo-a-corpo: "Ciretes" fazem campanha na Câmara Próximo Texto: Maia defende impeachment do presidente Índice
|