São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2005

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CPI DOS BINGOS

Oposição vê "atitude diversionista" do governo

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Além de reforçar sua representação na CPI dos Bingos, onde é alvo de sucessivas derrotas, o governo vai tentar desviar o foco das investigações para o escândalo da manipulação de resultados de jogos de futebol. A denúncia envolve um árbitro e um empresário do ramo de jogos.
A CPI foi criada para investigar o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz, gravado cobrando propina de um empresário de jogos. A comissão, no entanto, passou a investigar o assassinato do prefeito petista de Santo André (SP) Celso Daniel e denúncias contra o ministro Antonio Palocci (Fazenda), quando prefeito de Ribeirão Preto (SP).
O senador Tião Viana (PT-AC) apresentou ontem requerimentos para a convocação do árbitro Edílson Pereira de Carvalho e do empresário Nagib Fayad.
A revista "Veja" desta semana divulgou grampos da Polícia Federal que mostram o árbitro combinando o favorecimento de times, em esquema que envolve apostas pela internet. Pereira de Carvalho e Fayad estão presos. Alguns integrantes da CPI querem apurar as ligações de Fayad também com casas de bingo.
Os governistas apostam no apelo popular deste caso, mas são minoria na CPI. A oposição é contra a convocação dos envolvidos.
"É uma atitude diversionista. Estamos entupidos de denúncias de corrupção com o dinheiro público", afirmou o líder do PFL, senador José Agripino (RN). "Vou votar contra porque querem tumultuar a CPI", disse o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Até o relator da comissão, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), é contra.
No lugar de denúncias no futebol, o PFL quer aprovar hoje uma acareação entre Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e os irmãos de Celso Daniel.
O governo também substituiu o senador Sibá Machado (PT-AC) por Eduardo Suplicy (PT-SP) e nomeou a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) suplente da CPI. "Estamos requerendo a convocação porque o esquema tem ligação com casas de bingo", disse Ideli.
Depõem hoje Donizete de Carvalho Rosa, ex-secretário de Governo da Prefeitura de Ribeirão Preto quando Palocci era prefeito, e Luciano Maglia, ex-gerente financeiro da Villimpress de Ribeirão Preto. Em agosto, Maglia disse que um esquema de caixa dois funcionou na eleição de Palocci e na campanha de Lula.


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