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Plenário tem tentativa de troca-troca explícito
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A negociação entre deputados federais para troca de partidos, que se intensificou nos últimos dias e tradicionalmente é
assunto de reuniões confidenciais em restaurantes e gabinetes, agora ocorre às claras
-nem o plenário da Câmara
dos Deputados foi poupado.
A Folha presenciou ontem à
tarde, em um intervalo da sessão que votava a CPMF, a tentativa de quatro deputados federais que estariam de malas
prontas para o nanico PSL
(Partido Social Liberal) de convencer um colega, Lael Varella
(DEM-MG), a fazer o mesmo.
O grupo era liderado pelo deputado Alexandre Silveira
(PPS-MG). Os outros três não
foram identificados pela Folha. Varella, procurado mais
tarde, confirmou a presença de
Silveira, mas disse não lembrar
quem eram os outros.
A abordagem aconteceu por
volta das 14h50. No fundo do
plenário, o grupo se aproximou
de Varella, que estava sentado.
"Lael, o que você ainda está fazendo no PFL [antigo nome do
DEM]?", disse Silveira.
Ele se referia ao fato de Varella ser um dissidente na oposição e um nome que o governo
cobiça para integrar sua base.
Votou favoravelmente à
CPMF, contrariando sua bancada, e foi um dos parlamentares que mais receberam emendas do governo nos últimos
tempos: R$ 1,25 milhão entre
dinheiro prometido e pago.
Varella não respondeu, e seu
interlocutor prosseguiu. "Tem
um grupo indo para o PSL." O
deputado demonstrou não ter
entendido: "PSL?".
Silveira explicou: "Partido
Social Liberal. Tem quatro que
estão querendo ir, precisamos
de mais um, para ter estrutura
de liderança. São 18 cargos". O
PSL, que provavelmente se integraria à base do governo, hoje
não tem representação na
Câmara.
A estrutura a que o deputado
se referiu compreende uma sala, uma equipe de assessores
(até 18, nomeados sem concurso) e prerrogativas regimentais, como mais tempo para uso
da tribuna.
Pelas regras da Câmara, são
necessários cinco deputados no
mínimo para obter tal privilégio, embora o PSOL, com apenas três, tenha conseguido uma
liminar da Justiça.
O parlamentar assediado
desconversou: "Estou bem lá
[no DEM]". A sessão recomeçou e o grupo se dispersou.
Mais tarde, Varella declarou
à Folha que vem recebendo
convites freqüentes, mas que
não deve mudar de legenda,
embora esteja ameaçado de expulsão por ter apoiado a
CPMF. O deputado Alexandre
Silveira foi procurado ontem
pela reportagem, mas não telefonou de volta.
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