São Paulo, quinta-feira, 27 de setembro de 2007

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Jornalista vai presidir nova TV pública

Governo federal escolhe Tereza Cruvinel, de "O Globo", para dirigir emissora, que deve ter orçamento de R$ 350 mi anuais

Convite a colunista foi feito por Franklin Martins e teve aprovação de Lula; Helena Chagas deve ficar com a direção de jornalismo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A jornalista Tereza Cruvinel será a presidente da Empresa Brasil de Comunicação, a rede pública de TV que o governo Luiz Inácio Lula da Silva pretende lançar em dezembro.
Cruvinel é a principal colunista de política do jornal "O Globo", onde trabalha há mais de 20 anos. Também faz comentários na Globonews. Ela foi convidada pelo ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social), Franklin Martins, que também pertenceu à Rede Globo. Ainda não há data para a posse de Cruvinel.
Antes de convidá-la, o governo sondou personalidades públicas que não são do ramo jornalístico para comandar a parte operacional da rede de TV. Algumas delas: o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, o cientista Enio Candotti e o ex-ministro do STF Sepúlveda Pertence.
Os três recusaram convites para o posto. Belluzzo aceitou integrar o Conselho Curador, órgão que ficará acima da direção da rede e que dará as diretrizes da TV pública. O governo deseja que ele seja o presidente do Conselho Curador, cargo para o qual haverá eleição entre os conselheiros. Estima-se que poderá haver 20 conselheiros.
Após a recusa dos três convidados, o governo se fixou na busca de um jornalista da grande imprensa. Desde o primeiro mandato, quando a idéia de TV pública já era discutida no Planalto, Cruvinel era cotada para comandar esse projeto.
Antes de a sondagem ser feita, o presidente Lula foi informado e aprovou a idéia. Para a direção de jornalismo foi convidada Helena Chagas, que dirigiu a sucursal de Brasília de "O Globo", onde trabalhou com Cruvinel. Ela deixou há pouco a chefia de jornalismo do SBT em Brasília. É colunista de política do "Jornal de Brasília".
Cruvinel montará a equipe diretora da rede pública em acordo com Franklin. Essa equipe deverá ter entre cinco e seis diretores. Entre os cotados estão o atual presidente da Radiobras, José Roberto Garcez, e o secretário do audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Salles de Senna, convidado para a área administrativa.
Esse corpo diretor prestará contas a um Conselho Curador. Há possibilidade de que exista ainda um conselho administrativo. O governo planeja um orçamento anual de cerca de R$ 350 milhões para a TV -o que corresponde ao montante gasto pela Rede Bandeirantes. Uma operação como a da Rede Globo custa aproximadamente R$ 5 bilhões por ano.
A medida provisória que cria a TV deve ser enviada nos próximos dias ao Congresso. Só depois será publicada a nomeação de Cruvinel, que não quis antecipar seus planos na emissora.
Desde o primeiro mandato, Lula e o PT desejam criar uma rede pública de TV, pois avaliam que a grande imprensa não faz uma cobertura isenta. Lula e Franklin têm dito que a rede terá linha editorial independente do governo. A oposição acusa o governo de tentar criar uma rede simpática ao PT.


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