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Setor naval
leva R$ 577 mi
da Reportagem Local
Com o aval e o risco do
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social), o setor de
navegação recebeu nos últimos dois anos empréstimos
de R$ 577,4 milhões.
É uma tentativa arriscada
do governo brasileiro de revitalizar o setor naval.
O Brasil já foi um dos cinco maiores produtores de
navios do mundo. Em 1980,
o setor empregava 40 mil
trabalhadores. Hoje, emprega cerca de 5 mil.
Os empréstimos não vieram diretamente do banco,
mas ele assumiu os riscos
das operações, com base
num mecanismo que funciona desde que a Sunamam (Superintendência da
Marinha Mercante) foi extinta, em 1983. Com a crise
no setor naval, esse mecanismo ganhou relevância.
São recursos do Fundo da
Marinha Mercante, pertencente ao Ministério dos
Transportes. O BNDES é o
gestor do fundo e estuda o
risco da operação. Se o empréstimo for pago, o fundo
recebe de volta o financiamento e o banco fica com
uma taxa pelo serviço. O
BNDES arca com o prejuízo
em alguns casos de inadimplência; em outros, a conta
vai para o fundo.
E os prejuízos são constantes. O mais notório é o
do estaleiro Verolme, que
faliu recentemente.
Segundo o BNDES, a taxa
de inadimplência do banco
(5% do total da carteira e
1,7% de "novas inadimplências" em 1996), considerada baixa por seus diretores, é muito menor que o
calote do setor naval.
Empresas como a Frota
Oceânica, vendida este ano
pelo empresário José Carlos
Fragoso Pires em meio a
uma séria crise financeira, e
a Navegação Lloyd Brasileiro, também em situação
crítica, receberam nos últimos dois anos via BNDES
empréstimos de R$ 63 milhões e R$ 2 milhões, respectivamente. A Folha apurou que a Frota Oceânica
acumula dívidas de R$ 100
milhões com o BNDES.
Os empréstimos do Fundo da Marinha Mercante
têm três anos de carência e
12 anos de prazo. Sua taxa é
de 6% ao ano, mais a variação cambial.
(MARCIO AITH)
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