São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÍTICA SOCIAL

Presidente afirma que Fórum Social Mundial precisa definir questão prioritária a ser debatida durante o ano

Fórum tende a ser "feira ideológica", diz Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em discurso improvisado ontem no Palácio do Planalto para integrantes do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Fórum Social Mundial tende a se transformar numa "feira de produtos ideológicos", caso não defina um tema prioritário para ser discutido durante todo o ano. Lula, que participou das edições brasileiras do evento, sugeriu a fome como um primeiro tema.
"Eu penso, companheiros, que o Fórum Social Mundial que vai se realizar em Porto Alegre [em janeiro do próximo ano] precisa definir um ou dois temas para se transformar em bandeira para eles [movimentos, sindicatos e igrejas] trabalharem durante o ano inteiro. Porque, senão, o Fórum vai se transformando numa feira, sabe, numa feira de produtos ideológicos, onde cadê um vem e compra o que quer, vende o que quer", declarou ele.
Em seguida, o presidente afirmou que a escolha de um único tema tornaria mais fácil o trabalho de cobrança. "[Sem isso] a gente vai embora sem ter firmado um compromisso de que tem uma coisa para a gente fazer o ano inteiro, para cobrar os governantes, para cobrar dos partidos, para cobrar dos parlamentares. O movimento sindical tem um papel muito importante nisso", disse.
Para Lula, a discussão da fome deve ser encabeçada pela sociedade civil. "Então, nós estamos agora numa fase de convencer a sociedade civil de que essa luta é dela, não é do governo do Brasil, porque amanhã o Brasil pode ter um governo que não queira fazer isso. Então, a sociedade tem de assumir pra si essa bandeira."
Em 2005, o Fórum Social Mundial deverá ocorrer entre os dias 26 e 31 de janeiro, em Porto Alegre (RS). Uma eventual derrota do petista Raul Pont à prefeitura da cidade, porém, poderá mudar a programação. Alguns organizadores já admitem escolher outra cidade caso o PT deixe de governar a capital gaúcha. No ano passado, o fórum ocorreu na Índia.
O sociólogo Emir Sader, professor da USP e da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e membro do conselho internacional do fórum, é contra a unicidade temática. "Pela multiplicidade de temas que produz o mundo atual, não há um que cruze", disse. "A nossa luta é contra a exploração, a alienação, a dominação e a discriminação", acrescentou.
De acordo com o sociólogo, já foram definidos os tópicos das discussões na edição do evento no próximo ano. "Consultamos amplamente todos os participantes e chegamos a 11 temas." (EDS E JD)


Colaborou a Redação


Texto Anterior: Militares da reserva condenam retratação
Próximo Texto: História da vida privada: Filhos põem vida familiar de Lula e Marisa em site
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.