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Para Costa, apurar caixa 2 é "revanche"
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O secretário nacional de comunicação do PT, Humberto Costa,
disse ontem em Recife (PE) que a
proposta tucana de criação de
uma CPI para investigar o uso de
caixa dois em campanhas eleitorais é "revanchista e só vai levar ao
descrédito ainda maior de toda a
atividade política no Brasil".
"Acho que vai sangrar pesadamente em todas as campanhas,
em todos os partidos", declarou.
"Até porque ninguém vai fazer
uma CPI que investigue caixa dois
em apenas um partido", disse.
Para Costa, se efetivada a idéia, a
apuração terá de incluir também
todas as candidaturas presidenciais de 2002. "Creio que é uma
medida que, se aprovada, vamos
apoiar, vamos participar."
Sobre a renúncia do senador
Eduardo Azeredo (MG) da presidência nacional do PSDB, Costa
disse que o ocorrido mostra que o
PT não é o único partido a fazer
uso de caixa dois: "É a constatação de um fato óbvio, que acontecia e que, infelizmente, (...) tentou-se imputar exclusivamente ao
PT, o que não é verdade", disse.
Azeredo renunciou anteontem
à presidência do PSDB depois de
vir à tona que sua campanha à
reeleição ao governo de Minas em
1998 teve caixa dois financiado
pelo empresário Marcos Valério.
O senador alega que só soube disso depois da campanha. Em 2002,
um cheque de Valério pagou uma
dívida de Azeredo referente àquela campanha, de R$ 700 mil.
Sobre o a renúncia de Azeredo,
o presidente do PT mineiro, o ex-ministro Nilmário Miranda, defendeu a tese da "isonomia": ou
Azeredo é incluído no processo
de cassação ou os parlamentares
ameaçados de cassação por uso
de caixa dois são absolvidos.
"Fundo do poço"
Nilmário defende a segunda opção: "Se eu fosse deputado, não
votaria pela cassação do João
Magno (PT-MG) e do Roberto
Brant (PFL-MG), por exemplo.
Poderia haver outro tipo de punição. Cassação para uso de caixa
dois vai virar poço sem fundo".
"Para todo mundo que for denunciado vai ter de se abrir processo no Conselho de Ética e cassar", disse, acrescentando que a
cassação se justificaria se o caixa
dois estiver combinado com outro tipo de irregularidade.
Ao ser lembrado que contra o
PT pesam suspeitas de que houve
também pagamento a deputados
da base aliada, ele disse que, nesse
caso, os deputados petistas estão
fora dessa acusação. Alegou que
sendo do PT, não haveria motivos
para eles receberem recursos para
votar a favor do governo federal.
O presidente do PT de Minas
comparou ainda o caso de Azeredo com o do ex-ministro e deputado José Dirceu, também ameaçado de cassação. Disse Nilmário
que "não há tratamento" igual
quando se considera que Azeredo
não sabia do empréstimo feito
por Valério em 1998 e que Dirceu
sabia do empréstimo que Marcos
Valério fez ao PT. "Tem de haver
tratamento igual", disse.
O ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, defendeu
"correções". "O que interessa à
democracia é que ela não pode
depender do comportamento individual de cada homem público
(...) Se o sistema aponta para um
vício, é preciso corrigi-lo para que
as pessoas trabalhem na vida pública com tranqüilidade. Tão importante quanto punir, é mudar o
sistema que levou ao crime."
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