São Paulo, quinta-feira, 27 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PUBLICIDADE

Marcos Vinícius Di Flora, que trabalhou na Secretaria de Comunicação do Governo, nega irregularidades em contratos de propaganda

Ex-secretário contesta auditoria do TCU

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em depoimento à CPI dos Correios, o ex-secretário-adjunto da Secom (Secretaria de Comunicação de Governo) Marcos Vinícius Di Flora contestou auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) que apontou irregularidades na área de publicidade do governo e diz acreditar que o relatório, ainda não votado pelo plenário do tribunal, será arquivado.
O TCU cobra do publicitário Duda Mendonça a devolução ao erário de R$ 4,8 milhões por serviços pagos pela Presidência da República à sua agência, mas que não teriam sido prestados ou que tiveram preços acima dos praticados no mercado. Duda fez a campanha vitoriosa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Di Flora, principal assessor do ex-ministro Luiz Gushiken na época, os procedimentos da Secom foram realizados dentro da legalidade. "Acredito que esse relatório vai ser arquivado", disse ele, ressaltando que o documento é preliminar e que a secretaria não teria sido ouvida pelo tribunal.
O ex-secretário-adjunto da Secom justificou ainda o fato do Palácio do Planalto ter pago a gráficas preços de 45,3% a 203,82% superiores aos maiores valores cobrados no mercado. "Em serviço gráfico a comparação de preço é extremamente variada porque é afetada pela sazonalidade", disse Di Flora. Um exemplo de "sazonalidade" citado por ele foi a variação do preço do papel.
Questionado sobre telefonemas trocados com o então tesoureiro do PT Delúbio Soares, Di Flora negou que falassem sobre arrecadação de recursos. "Delúbio não tratava somente de tesouraria, mas também da polêmica interna do partido e de política de alianças", afirmou ele, que fez parte do Diretório Nacional do PT de 1997 até a semana passada.
O ex-secretário-adjunto da Secom disse que só conheceu o publicitário Marcos Valério de Souza em abril de 2003, quando ele teria ido à secretaria se apresentar. "Há quatro meses essa CPI está esmiuçando as contas de Marcos Valério e eu não apareci nem vou aparecer como sacador ou beneficiário das contas deles", disse o petista, que é de Belo Horizonte, assim como o publicitário.
Di Flora confirmou ter ganho uma caneta Mont Blanc de Marcos Valério, em 10 de junho de 2003, mas afirmou ter doado o presente para o programa Fome Zero. A CPI investiga se Valério foi favorecido com contratos de publicidade no governo em troca de empréstimo de R$ 55 milhões repassado ao PT. (Fernanda Krakovics)


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