LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O governo do Rio Grande do Sul consertou quatro carros da Brigada Militar Gaúcha na oficina mecânica Matuzalém, da família de Jairo Carneiro, ex-tesoureiro do PT que foi expulso do partido por suspeita de desvio de verbas.
Carneiro é o personagem que desencadeou a investigação da CPI da Segurança Pública. O relatório final da CPI pediu o indiciamento de 42 pessoas, incluindo o governador Olívio Dutra (PT).
No final de maio de 2001, Carneiro disse, em entrevista gravada por jornalistas do ""Diário Gaúcho", que o Clube de Seguros da Cidadania -entidade formada por petistas e simpatizantes- teria comprado, com dinheiro do jogo do bicho, o prédio que depois cedeu em comodato [empréstimo gratuito" ao PT, em 98.
No dia 26 de junho, Carneiro depôs na CPI e recuou. Disse que havia mentido com o propósito de se vingar do PT.
O relator da CPI, Vieira da Cunha (PDT), suspeita que a prestação de serviço pela oficina seja parte de um acerto para "calar" o ex-tesoureiro.
Carneiro afirma que a oficina pertence ao seu irmão João Luiz e nega que tenha feito um acordo com o PT para mudar seu depoimento à CPI. "Sou gerente da oficina do meu irmão, uma das mais equipadas nas redondezas. Se o governo não aceitasse nossa proposta na tomada de preços porque fui filiado ao PT e cometi um erro, eu estaria sendo discriminado", disse Carneiro.
Segundo a assessoria da Secretaria da Justiça e da Segurança, os consertos dos quatro carros custaram R$ 5.121, e houve tomada de preços. A oficina se localiza a poucos metros do Centro de Motomecanização da Brigada Militar, o que também justificaria a escolha.
A Matuzalém é uma das 50 oficinas utilizadas pela corporação. Segundo a secretaria, de 168 carros mandados para conserto em setembro e outubro, 4 foram para a Matuzalém.


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