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PREVIDÊNCIA PETISTA
Para pedir votos, Lula telefonou para senadores
Presidente se envolve em negociações para votação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além de ministros e governadores, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva envolveu-se pessoalmente, nos últimos dias, nas articulações pela aprovação da reforma da Previdência no Senado.
Anteontem, por telefone, Lula fez
apelos aos senadores Romeu Tuma (PFL-SP) e Paulo Paim (PT-RS) para que votassem favoravelmente. Ao menos no primeiro caso, não foi atendido.
No mesmo dia à noite, telefonou para o líder do PMDB, Renan
Calheiros (AL), preocupado com
a crise que adiou a votação da reforma para ontem. Calheiros surpreendeu o governo ao dar declarações públicas criticando o acordo feito pelo governador Germano Rigotto (RS), do seu partido,
mantendo, na reforma, as regras
do subteto salarial dos Estados.
O presidente conversou com
Tuma pelo celular do líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP). O líder passou o telefone ao
senador pefelista durante a sessão. Lula disse que precisava da
ajuda de Tuma para aprovar a reforma. O pefelista respondeu que
quer ajudar o presidente sempre
que puder, mas não nesse caso.
"Eu disse que não poderia votar
a favor da reforma, mesmo com
profunda angústia de não atendê-lo. É uma questão de foro íntimo.
Fui funcionário público muitos
anos. Eu pedi ao relator, Tião Viana (PT-AC), que acolhesse a
emenda suprimindo o dispositivo
do subteto do texto, mas ele não
pôde atender. Então, não tenho
compromisso com a reforma",
disse Tuma.
Depois de conversar com o pefelista, Lula pediu para falar com
o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que presidia a
sessão, e Tuma passou o telefone.
A conversa com Paim também
foi na tarde de terça-feira. O presidente sinalizou com a possibilidade de ser criada uma regra de
transição para beneficiar servidores antigos e citou "avanços" em
pontos da reforma como subteto,
paridade e contribuição de inativos. Paim disse que aguardava a
redação desses dispositivos antes
de tomar uma decisão.
Esses pontos estão sendo alterados não no texto já aprovado pela
Câmara, mas na chamada ""PEC
paralela", emenda criada no Senado para mudar a reforma preservando o texto original. O senador gaúcho também conversou
no mesmo dia com o ministro da
Previdência, Ricardo Berzoini.
Lula ligou para Calheiros ao saber da turbulência criada por críticas do peemedebista ao acordo
do subteto e por ataques contra o
governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB) -que irritaram a bancada tucana.
Calheiros explicou ao presidente que havia reagido com veemência porque os governistas,
para atender ao PSDB, romperam
acordo feito previamente com o
PMDB para que fosse suprimido
o dispositivo do subteto da proposta principal.
Além de José Dirceu (Casa Civil), que conversou com vários senadores, outros ministros tentaram convencer os parlamentares.
Foi o caso de Roberto Rodrigues
(Agricultura), que fez apelos a Jonas Pinheiro (PFL-MT).
Em reunião da bancada pefelista, Jonas disse que votaria a favor
da reforma atendendo ao ministro e ao governador de seu Estado, Blairo Maggi. No entanto, na
última hora, o voto de Pinheiro
foi contrário. "É um claríssimo
rolo compressor", disse o líder do
PFL na Casa, José Agripino (RN).
Outros governadores tiveram
influência decisiva: os senadores
Gerson Camata (sem partido-ES)
e César Borges (PFL-BA), por
exemplo, prometeram votar a favor da reforma atendendo ao apelo dos governadores de seus Estados, Paulo Hartung e Paulo Souto.
(RAQUEL ULHÔA)
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