UOL

São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PREVIDÊNCIA PETISTA

Para pedir votos, Lula telefonou para senadores

Presidente se envolve em negociações para votação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Além de ministros e governadores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva envolveu-se pessoalmente, nos últimos dias, nas articulações pela aprovação da reforma da Previdência no Senado. Anteontem, por telefone, Lula fez apelos aos senadores Romeu Tuma (PFL-SP) e Paulo Paim (PT-RS) para que votassem favoravelmente. Ao menos no primeiro caso, não foi atendido.
No mesmo dia à noite, telefonou para o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), preocupado com a crise que adiou a votação da reforma para ontem. Calheiros surpreendeu o governo ao dar declarações públicas criticando o acordo feito pelo governador Germano Rigotto (RS), do seu partido, mantendo, na reforma, as regras do subteto salarial dos Estados.
O presidente conversou com Tuma pelo celular do líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP). O líder passou o telefone ao senador pefelista durante a sessão. Lula disse que precisava da ajuda de Tuma para aprovar a reforma. O pefelista respondeu que quer ajudar o presidente sempre que puder, mas não nesse caso.
"Eu disse que não poderia votar a favor da reforma, mesmo com profunda angústia de não atendê-lo. É uma questão de foro íntimo. Fui funcionário público muitos anos. Eu pedi ao relator, Tião Viana (PT-AC), que acolhesse a emenda suprimindo o dispositivo do subteto do texto, mas ele não pôde atender. Então, não tenho compromisso com a reforma", disse Tuma.
Depois de conversar com o pefelista, Lula pediu para falar com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que presidia a sessão, e Tuma passou o telefone.
A conversa com Paim também foi na tarde de terça-feira. O presidente sinalizou com a possibilidade de ser criada uma regra de transição para beneficiar servidores antigos e citou "avanços" em pontos da reforma como subteto, paridade e contribuição de inativos. Paim disse que aguardava a redação desses dispositivos antes de tomar uma decisão.
Esses pontos estão sendo alterados não no texto já aprovado pela Câmara, mas na chamada ""PEC paralela", emenda criada no Senado para mudar a reforma preservando o texto original. O senador gaúcho também conversou no mesmo dia com o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini.
Lula ligou para Calheiros ao saber da turbulência criada por críticas do peemedebista ao acordo do subteto e por ataques contra o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB) -que irritaram a bancada tucana.
Calheiros explicou ao presidente que havia reagido com veemência porque os governistas, para atender ao PSDB, romperam acordo feito previamente com o PMDB para que fosse suprimido o dispositivo do subteto da proposta principal.
Além de José Dirceu (Casa Civil), que conversou com vários senadores, outros ministros tentaram convencer os parlamentares. Foi o caso de Roberto Rodrigues (Agricultura), que fez apelos a Jonas Pinheiro (PFL-MT).
Em reunião da bancada pefelista, Jonas disse que votaria a favor da reforma atendendo ao ministro e ao governador de seu Estado, Blairo Maggi. No entanto, na última hora, o voto de Pinheiro foi contrário. "É um claríssimo rolo compressor", disse o líder do PFL na Casa, José Agripino (RN).
Outros governadores tiveram influência decisiva: os senadores Gerson Camata (sem partido-ES) e César Borges (PFL-BA), por exemplo, prometeram votar a favor da reforma atendendo ao apelo dos governadores de seus Estados, Paulo Hartung e Paulo Souto. (RAQUEL ULHÔA)


Texto Anterior: Previdência petista: Governo aprova reforma com 13 votos da oposição
Próximo Texto: Helena chora, diz que é livre e vota contra
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.