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PREVIDÊNCIA PETISTA
Outra senadora, Serys Slhessarenko (PT-SC), também discursou aos prantos, mas votou a favor
Helena chora, diz que é livre e vota contra
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na discussão e votação da reforma da Previdência, os senadores se revezaram na tribuna do Senado para expor suas razões contra ou a favor da proposta do governo. Piadas, lágrimas, gritos de
indignação foram assistidos por
uma platéia de servidores, jornalistas e assessores e transmitidos
ao vivo pela TV Senado.
A senadora do PT Heloísa Helena (AL) protagonizou um dos
momentos que mais emocionou a
platéia durante a discussão. Pelo
segundo dia seguido, ela chorou
na tribuna ao reafirmar seu voto
contra o governo: "Prometi à minha mãe que não ia chorar. (...) Eu
só tenho a dizer, apesar de toda
tristeza, pois sei o significado desse gesto, que estou profundamente feliz. Sou uma mulher livre".
O discurso da senadora foi
acompanhado atentamente por
todos os 81 senadores que lotavam o plenário. Vários também
assistiram ao pronunciamento da
senadora no telão do Salão Verde
da Câmara. "Ninguém é mais PT
do que eu. A cúpula palaciana não
vai poder ostentar a estrela do PT
mais do que eu", disse a senadora.
O voto da senadora contra a reforma deverá implicar sua expulsão do PT: "Vou votar como o PT
votou seis vezes contra a taxação
dos inativos. Vou votar contra a
reforma porque ela não faz nada
para os filhos da pobreza".
Ela disse ainda que não ia "compartilhar o medo e a fraqueza do
governo federal" diante dos organismos multilaterais, como o FMI
(Fundo Monetário Internacional). "É como se estivessem arrancando meu coração. Jamais
me arrependerei deste momento
e deste voto que estou dando hoje." Ao final de seu discurso, Heloísa Helena foi aplaudida longamente pelos servidores que ocupavam a galeria do plenário.
Heloísa Helena não foi a única a
chorar na tribuna. Horas antes, a
petista Serys Slhessarenko (SC)
também discursou aos prantos.
"Vivo um conflito. O que vamos
fazer aqui é uma violentação",
afirmou ela, ao anunciar que votaria com o governo, apesar de
discordar da proposta. "Acato a
decisão do partido." Ao deixar a
tribuna, Serys foi cumprimentada
por Heloísa Helena, que chorou
ao ouvir a colega de partido.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), criticou o PT por ser um
partido "autoritário": "No PSDB,
as pessoas são livres. Votar contra
não significa quebra de relacionamento", disse. "O governo berzoinizou-se. Não abriu o coração",
ironizou Virgílio, referindo-se ao
ministro Ricardo Berzoini (Previdência). Virgílio votou contra,
mas a maioria da bancada tucana
não seguiu sua orientação: de 11
senadores, seis votaram a favor.
O relator da reforma, senador
Tião Viana (PT-AC), que encerrou a fase de discursos, não se limitou ao tema da Previdência. Ele
lamentou os feridos e mortos em
acidentes de trânsito e vítimas da
violência. Para acabar com essa situação, destacou a importância de
realizar as reformas estruturais.
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