UOL

São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PREVIDÊNCIA PETISTA

Outra senadora, Serys Slhessarenko (PT-SC), também discursou aos prantos, mas votou a favor

Helena chora, diz que é livre e vota contra

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na discussão e votação da reforma da Previdência, os senadores se revezaram na tribuna do Senado para expor suas razões contra ou a favor da proposta do governo. Piadas, lágrimas, gritos de indignação foram assistidos por uma platéia de servidores, jornalistas e assessores e transmitidos ao vivo pela TV Senado.
A senadora do PT Heloísa Helena (AL) protagonizou um dos momentos que mais emocionou a platéia durante a discussão. Pelo segundo dia seguido, ela chorou na tribuna ao reafirmar seu voto contra o governo: "Prometi à minha mãe que não ia chorar. (...) Eu só tenho a dizer, apesar de toda tristeza, pois sei o significado desse gesto, que estou profundamente feliz. Sou uma mulher livre".
O discurso da senadora foi acompanhado atentamente por todos os 81 senadores que lotavam o plenário. Vários também assistiram ao pronunciamento da senadora no telão do Salão Verde da Câmara. "Ninguém é mais PT do que eu. A cúpula palaciana não vai poder ostentar a estrela do PT mais do que eu", disse a senadora.
O voto da senadora contra a reforma deverá implicar sua expulsão do PT: "Vou votar como o PT votou seis vezes contra a taxação dos inativos. Vou votar contra a reforma porque ela não faz nada para os filhos da pobreza".
Ela disse ainda que não ia "compartilhar o medo e a fraqueza do governo federal" diante dos organismos multilaterais, como o FMI (Fundo Monetário Internacional). "É como se estivessem arrancando meu coração. Jamais me arrependerei deste momento e deste voto que estou dando hoje." Ao final de seu discurso, Heloísa Helena foi aplaudida longamente pelos servidores que ocupavam a galeria do plenário.
Heloísa Helena não foi a única a chorar na tribuna. Horas antes, a petista Serys Slhessarenko (SC) também discursou aos prantos. "Vivo um conflito. O que vamos fazer aqui é uma violentação", afirmou ela, ao anunciar que votaria com o governo, apesar de discordar da proposta. "Acato a decisão do partido." Ao deixar a tribuna, Serys foi cumprimentada por Heloísa Helena, que chorou ao ouvir a colega de partido.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), criticou o PT por ser um partido "autoritário": "No PSDB, as pessoas são livres. Votar contra não significa quebra de relacionamento", disse. "O governo berzoinizou-se. Não abriu o coração", ironizou Virgílio, referindo-se ao ministro Ricardo Berzoini (Previdência). Virgílio votou contra, mas a maioria da bancada tucana não seguiu sua orientação: de 11 senadores, seis votaram a favor.
O relator da reforma, senador Tião Viana (PT-AC), que encerrou a fase de discursos, não se limitou ao tema da Previdência. Ele lamentou os feridos e mortos em acidentes de trânsito e vítimas da violência. Para acabar com essa situação, destacou a importância de realizar as reformas estruturais.


Texto Anterior: Presidente se envolve em negociações para votação
Próximo Texto: Frases
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.