São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 2006

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Governo paga bem acima do setor privado

DA REPORTAGEM LOCAL

O salário da média do funcionalismo público federal (estatutário e militar) é 261% maior do que em atividades equivalentes no setor privado. Há dez anos, a diferença era de "apenas" 180%. Há 14 anos, de 137%.
Protegido pela estabilidade e protagonista de greves agressivas, o funcionalismo público no Brasil não apenas se defendeu melhor no hostil mercado de trabalho nas duas últimas décadas como evoluiu positivamente dentro dele.
Segundo estudo dos economistas Siegfried Bender e Reynaldo Fernandes, da USP, os rendimentos no setor público aumentaram na comparação com o setor privado, apesar de ter diminuído a distância em termos de escolaridade.
Para chegar a essas conclusões, foram analisados os dados de PNADs (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) entre 1992 e 2004. Em cada ano foi verificada a situação de entre 90 mil e 130 mil indivíduos, divididos entre funcionários públicos e privados, com funções equivalentes (motorista, escriturário, economista etc.).
A pesquisa revela que se um funcionário ganha R$ 500 no setor privado, no setor público federal ele receberia, em média, R$ 1.805. Em 1992, seriam R$ 1.180. Além da escolaridade, foram levados em conta anos de estudo, idade de ingresso na atividade (experiência), cor, gênero e local de residência.

R$ 4.400 X R$ 1.000
Bender explica que a comparação de médias esconde o fato de que os indivíduos têm diferentes qualificações. Mas se forem tomadas duas pessoas com as mesmas características e em funções equivalentes, a conclusão é que o servidor receberia pelo menos o dobro que o trabalhador privado simplesmente por ter um emprego público.
Segundo o Ministério do Planejamento, a média salarial do funcionalismo público civil federal está em R$ 4.421. A dos ocupados na iniciativa privada é de pouco mais de R$ 1.000.
No setor público como um todo (incluindo governo federal, Estados e municípios), a distância entre salários públicos e privados é menor, mas ainda assim elevada: 111,5%.
"Os salários do setor público cresceram sistematicamente ao longo dos últimos anos e ficaram totalmente alheios aos ciclos econômicos de baixa", diz Bender. A diferença entre salários públicos e privados também se acentuou pela precarização do emprego privado.
Nos últimos 15 anos, o rendimento médio de quem ficou no mercado de trabalho ocupado caiu um terço, tanto em São Paulo como nas principais regiões metropolitanas do país.
No período, a taxa de desemprego no maior mercado de trabalho do país, a cidade de São Paulo, subiu de 8% para 16%, tendo batido em 20% no final dos anos 90. (FCZ)


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