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Governo paga bem acima do setor privado
DA REPORTAGEM LOCAL
O salário da média do funcionalismo público federal (estatutário e militar) é 261% maior
do que em atividades equivalentes no setor privado. Há dez
anos, a diferença era de "apenas" 180%. Há 14 anos, de 137%.
Protegido pela estabilidade e
protagonista de greves agressivas, o funcionalismo público no
Brasil não apenas se defendeu
melhor no hostil mercado de
trabalho nas duas últimas décadas como evoluiu positivamente dentro dele.
Segundo estudo dos economistas Siegfried Bender e Reynaldo Fernandes, da USP, os
rendimentos no setor público
aumentaram na comparação
com o setor privado, apesar de
ter diminuído a distância em
termos de escolaridade.
Para chegar a essas conclusões, foram analisados os dados
de PNADs (Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílio) entre 1992 e 2004. Em cada ano
foi verificada a situação de entre 90 mil e 130 mil indivíduos,
divididos entre funcionários
públicos e privados, com funções equivalentes (motorista,
escriturário, economista etc.).
A pesquisa revela que se um
funcionário ganha R$ 500 no
setor privado, no setor público
federal ele receberia, em média, R$ 1.805. Em 1992, seriam
R$ 1.180. Além da escolaridade,
foram levados em conta anos
de estudo, idade de ingresso na
atividade (experiência), cor, gênero e local de residência.
R$ 4.400 X R$ 1.000
Bender explica que a comparação de médias esconde o fato
de que os indivíduos têm diferentes qualificações. Mas se forem tomadas duas pessoas com
as mesmas características e em
funções equivalentes, a conclusão é que o servidor receberia
pelo menos o dobro que o trabalhador privado simplesmente por ter um emprego público.
Segundo o Ministério do Planejamento, a média salarial do
funcionalismo público civil federal está em R$ 4.421. A dos
ocupados na iniciativa privada
é de pouco mais de R$ 1.000.
No setor público como um
todo (incluindo governo federal, Estados e municípios), a
distância entre salários públicos e privados é menor, mas
ainda assim elevada: 111,5%.
"Os salários do setor público
cresceram sistematicamente
ao longo dos últimos anos e ficaram totalmente alheios aos
ciclos econômicos de baixa",
diz Bender. A diferença entre
salários públicos e privados
também se acentuou pela precarização do emprego privado.
Nos últimos 15 anos, o rendimento médio de quem ficou no
mercado de trabalho ocupado
caiu um terço, tanto em São
Paulo como nas principais regiões metropolitanas do país.
No período, a taxa de desemprego no maior mercado de trabalho do país, a cidade de São
Paulo, subiu de 8% para 16%,
tendo batido em 20% no final
dos anos 90.
(FCZ)
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