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Lutas do líder hoje são passado
da Reportagem Local
É difícil situar, para quem nasceu
depois de 1975 ou 1980, um perso
nagem controvertido como Luiz
Carlos Prestes. Ele foi o herói (ou o
vilão) de formas de luta que defini
tivamente pertencem ao passado.
Nasceu e cresceu em momentos
nos quais a idéia de democracia
não era ainda consensual.
A política, entre os anos 20 e o
início dos anos 70, foi marcada por
radicalizações, conspirações, gol
pes, prisão e tortura.
Prestes lançou seu primeiro ma
nifesto em outubro de 1924. Pedia
o voto universal e secreto, comba
tia as licitações com cartas marca
das e queria autonomia financeira.
O tenentismo, movimento do
qual foi um dos líderes mais conse
quentes, queria basicamente a mo
dernização do Estado.
De certo modo, foi o tenentismo
que corroeu a base de sustentação,
no Exército e na Marinha, dos pre
sidentes Artur Bernardes e Was
hington Luiz. Em 1930, Prestes na
vegava por outras águas.
Convertido ao marxismo duran
te o exílio, é visto por Moscou co
mo a liderança para liderar um le
vante comunista. O que ocorre
sem sucesso em 1935.
Documentos de arquivos russos,
obtidos após o colapso soviético,
comprovam que a chamada Inten
tona foi ordenada por Moscou, e
não, conforme Prestes afirmava,
decidida pelos brasileiros.
Poucos personagens da política
nacional saíram tão incólumes de
revelações que lhes seriam nada
dignificantes. Entre elas, o assassi
nato da mulher do líder que o pre
cedeu no PCB.
Prestes foi uma figura importan
te na Constituinte de 1946. Mas
voltou a confundir os interesses do
partido com os interesses nacio
nais ao aderir a teses insurrecio
nais no início dos anos 50.
Nos governos JK e Jango, a vora
cidade por cargos que os comunis
tas demonstraram abasteceu a tese
de que o PCB "já estava no poder".
Com as cisões comandadas por
João Amazonas, Carlos Marighella
ou Apolônio de Carvalho -todos
partidários de estratégias violentas
para a tomada do poder-, Prestes
se torna, na esquerda brasileira,
um reformista inofensivo, mas um
símbolo a ser combatido pelos mi
litares pós-64.
Ao retornar do exílio, Prestes
exerce poderes apenas sobre a fac
ção pró-soviética do partido. A
facção eurocomunista também
cria problemas e dirigentes de am
bos os lados são afastados. A partir
daí, Prestes vira mera referência
histórica.
(JBN)
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