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Extradições não devem se concretizar
Questões legais impedem que países sul-americanos enviem os acusados na Operação Condor à Itália
DE BUENOS AIRES
Os 139 pedidos de extradição
à Itália de acusados de crimes
cometidos no âmbito do Operação Condor não devem sair
do papel. Entraves legais impedem que Uruguai, Argentina,
Paraguai, Peru e Chile, além de
Brasil, enviem os acusados ao
país europeu.
O tratado de extradição entre
Itália e Uruguai, país de 32 dos
140 acusados, exclui a possibilidade de extradição de cidadãos
uruguaios ao país europeu. A
mesma cláusula, porém, garantirá que o único detido até agora, o capitão Néstor Fernández
Tróccoli, seja julgado na Itália.
Embora seja uruguaio e responda a processos em seu país,
Tróccoli também tem cidadania italiana e, por isso, não pode
ser extraditado ao Uruguai.
Também são obstáculos às
extradições os tratados entre
Peru e Paraguai e a Itália. Os
acordos só prevêem extradição
dos sul-americanos ao país europeu caso tivessem cometido
seus crimes em solo italiano -o
que não é o caso. Já com o Chile, a Itália nem sequer possui
tratado de extradição.
O país com o qual teoricamente haveria menos obstáculos para a extradição é a Argentina, já que não há proibição de
que argentinos sejam extraditados à Itália por crimes cometidos na própria Argentina.
O tratado de extradição entre
os dois países, porém, tem duas
cláusulas que tornam improvável a efetuação do trâmite.
Desde 2005, o governo argentino está incentivando o
processamento de ex-repressores por crimes cometidos durante a última ditadura militar.
Se o procurador italiano Giancarlo Capaldo estiver fazendo
acusações inéditas, elas provavelmente serão incorporadas
aos processos em andamento.
Além disso, o ex-ditador Jorge Videla, incluído na acusação
do procurador italiano, já enfrenta, junto a 16 outros militares, um processo por causa do
Plano Condor.
A ausência das extradições,
porém, não significa necessariamente que não vai haver julgamento. Em março deste ano,
a Justiça italiana condenou à
revelia cinco militares argentinos por crimes contra a humanidade cometidos contra italianos que foram vistos pela última vez na Esma (Escola de Mecânica da Marinha), maior centro ilegal de detenção na Argentina durante a ditadura.
(RODRIGO RÖTZSCH)
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