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Petista dirige grupo que comprou refinaria
Serasa diz que Marcelo Sereno é sócio da Grandiflorum, empresa que comprou a Manguinhos; ex-dirigente do PT nega a sociedade
Braço direito de José Dirceu, Sereno deixou a direção do PT em 2005, em meio à crise do mensalão; ata diz que ele vai receber R$ 830 por mês
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-secretário Nacional de
Comunicação do PT Marcelo
Sereno comanda a recém-criada Grandiflorum Participações, que há dez dias comprou o
controle acionário da refinaria
de petróleo de Manguinhos.
Os grupos Repsol e Peixoto
de Castro, que controlavam a
refinaria, venderam o controle
acionário da empresa por R$ 7
milhões. Ela deve R$ 40 milhões a bancos e fechou o primeiro semestre com prejuízo
de R$ 17 mi. Os novos proprietários anunciaram que contratarão 400 empregados -hoje
ela tem menos de 100- para retomar a atividade de refino.
Sereno foi braço direito do
ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu e deixou a direção nacional do PT em 2005, acusado
de envolvimento no mensalão.
Consta que, desde então, dava
consultorias na área sindical.
O nome dele aparece no banco de dados da Serasa como
acionista da Grandiflorum ao
lado do empresário João Manuel Magro, do grupo Magro,
dono de distribuidoras e postos
de combustíveis. Procurado pela Folha, Sereno negou ser sócio da Grandiflorum e disse
que seu papel se restringe ao de
principal executivo da empresa. Ele deu a declaração por intermédio de um assessor, e disse não ser hora de dar entrevista sobre a compra da refinaria.
O grupo Magro também negou que o ex-dirigente do PT
tenha participação acionária
na nova controladora da Refinaria de Manguinhos e disse
que a empresa pertence a João
Manuel Magro e à Ampar Fomento Mercantil, também da
família Magro. A ANP (Agência
Nacional do Petróleo) disse
que ainda não recebeu informações sobre quem são os novos controladores da refinaria.
Segundo o grupo Magro, Sereno foi escolhido para presidir
a empresa por sua experiência
no setor público, por sua atuação sindical e conhecimento da
economia do Rio: ""A experiência do sr. Sereno no movimento
sindical ajudará a refinaria na
busca de retomada das operações de refino, que deverá gerar
a recontratação de mais de 400
empregados. E o sr. Sereno será o responsável pela negociação junto ao sindicato nesse
processo de recontratação".
A Grandiflorum foi registrada em setembro, com endereço
de um escritório de contabilidade no Rio. Sereno assumiu a
presidência da Glandiflorum
em 28 de novembro, 20 dias
antes do anúncio da comunicação da compra da refinaria à
Bovespa. Na ata da posse de Sereno enviada à Junta Comercial consta que ele e o acionista
majoritário da companhia terão remuneração simbólica
-de até R$ 9.069 ao ano. Para
presidir a holding, Sereno recebe R$ 830 por mês, menos de
dois salários mínimos.
ICMS
A presença do petista na negociação de Manguinhos chama a atenção não apenas por
sua trajetória política e pela
passagem pelo Planalto, mas
principalmente por sua atuação como secretário de Governo do Rio de Janeiro em 2002
sob Benedita da Silva (PT).
Em setembro de 2002, o Estado baixou uma resolução que
desencadeou uma guerra fiscal
em torno do recolhimento do
ICMS sobre o álcool anidro
misturado à gasolina.
Tradicionalmente, cabe às
refinarias o recolhimento do
tributo, mas a resolução permitiu que as distribuidoras adquirissem gasolina das refinarias
no Estado do Rio de Janeiro
sem o recolhimento do ICMS.
A primeira empresa a se beneficiar da medida foi a Inca
Combustíveis. Ela recebeu o
termo de autorização do governo do Estado três dias depois de
a resolução ter sido publicada
no "Diário Oficial". O advogado
da empresa era Ricardo Magro,
filho de João Manuel Magro, e
também empresário de distribuição de combustíveis.
O governo de São Paulo queixou-se de que a resolução aprovada por Benedita abrira espaço para que distribuidoras
comprassem gasolina no Rio e a
revendessem em São Paulo
com sonegação de imposto de
R$ 600 milhões. Uma das empresas acusadas pelo governo
paulista era a Inca. Segundo Ricardo Magro, a Justiça inocentou a empresa da acusação.
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