São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 2001

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PAINEL


Tudo ou nada
Cada vez mais longe da presidência da Câmara, Inocêncio Oliveira decidiu colocar o governo contra a parede. Na próxima reunião da Executiva Nacional do PFL, dia 31, o deputado vai defender o apoio do partido no Senado a Jefferson Péres (PDT-AM), candidato da oposição.

Inocente útil
Péres (PDT) foi lançado pela oposição apenas para evitar um racha no PT. Temia-se que senadores petistas, quebrando a recomendação de neutralidade da bancada, votassem em Sarney. Diante da crise aguda na base governista, virou mais um instrumento de pressão sobre FHC.

Foi sem nunca ter sido
O pior para Sarney é perder uma disputa na qual não queria entrar. Queria, e ainda quer, ser convocado para pacificar a instituição. O ex-presidente culpará ACM (PFL-BA) se for confirmada a inviabilização de seu nome.

Quase parando
Além de "engavetador-geral", o procurador-geral Geraldo Brindeiro ganhou um novo apelido: "Tartaruga Ninja". Motivo: os 113 dias que levou para se manifestar sobre as supostas irregularidades cometidas pelo procurador Miguel Guskow em negociação com títulos da dívida.

Ladeira abaixo
Além de titular da 3ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, Guskow perderá o cargo de distribuidor geral de processos. Mas dificilmente ele será acusado formalmente: a operação irregular com títulos que avalizou não chegou a se concretizar.

Síndrome de Inocêncio
O racha da base aliada nas disputas pelas mesas do Congresso fez escola na eleição para a presidência da Assembléia de Pernambuco. O deputado Guilherme Uchôa (PMDB) lançou-se candidato, apesar do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) apoiar Romário Dias (PFL), aliado de Inocêncio.

Jogo de empurra
Marta Suplicy (PT) está sofrendo um boicote discreto da Polícia Militar. Até agora, a prefeita paulistana não conseguiu completar o quadro de policiais da sua assistência militar. A PM está criando mil obstáculos burocráticos para liberá-los.

Grande irmão
Terça-feira, Marta pretende fazer a primeira reunião geral de seu secretariado. É improvável que alguém abra a boca, mas tem muita gente no governo reclamando das intromissões de Luís Favre, publicitário ligado ao PT e uma espécie de sombra da prefeita desde a campanha.

Seattle do sertão
O MST vai aproveitar a forte presença da mídia estrangeira no fórum anti-Davos para fazer novas manifestações. O sertão pernambucano será um dos cenários. Amanhã, a promessa é interditar a ponte que liga Juazeiro (BA) a Petrolina (PE).

Metralhadora ideológica
Do governador do Amapá, João Capiberibe (PSB), sobre as críticas de Leonel Brizola (PDT-RJ) ao Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre: "Brizola é sempre muito surpreendente. Ao tratar do fórum, preferiu se aliar a FHC".

Bola fora
O Planalto perdeu o interesse nas CPIs do futebol, criadas para desviar a atenção do caso Eduardo Jorge. Vira daqui, mexe dali, alguma coisa sempre acaba na conta do governo. É pouco provável que as investigações sobrevivam além do mês de abril.

Disputa tribal
O governador Amazonino Mendes (PFL-AM) e o deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), líder do Governo na Câmara, estão travando um briga de foice nos bastidores pelo controle político da Superintendência da Zona Franca de Manaus.


TIROTEIO
Do senador Roberto Freire (PPS-PE), sobre Lula ter dito que José Bové, líder agrário francês que comandou invasões a filiais do McDonald's, tem idéias "boas":
- Não sei que idéias boas ele tem. O pensamento dele tem uma matriz nacionalista atrasada. Bové está mais próximo da direita européia, que é contra a concessão de cidadania aos estrangeiros, do que da esquerda democrática.


CONTRAPONTO
Trópicos quentes

Sob uma temperatura média de 33C, o local onde se realiza o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, transformou-se em um perfeito condomínio para uma fauna de tipos que faria a festa de qualquer caricaturista.
Enquanto a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), esperava anteontem, numa sala do fórum, sua vez de fazer uma palestra, um rapaz chamou um de seus assessores. Dizendo-se fã da petista, ele pediu:
- Por favor, daria para o senhor pedir para a governadora autografar meu livro?
Com boa vontade, apesar da pressa, o assessor corrigiu o rapaz, dizendo que Marta era, na verdade, prefeita. O rapaz pediu desculpas, mas não se intimidou. Mostrando ao assessor alguns desenhos, insistiu:
- Entregue para a prefeita. Eu mesmo fiz. É um presente para Marta. Quem sabe ela coloca na casa dela... no Rio.



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