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ALAGOAS
Meios de comunicação da família do ex-presidente tentam enfraquecer governador com acusação de assassinato
Volta de Collor provoca crise no Estado
MALU GASPAR
ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ
Um mês após reconquistar seus
direitos políticos, o ex-presidente
Fernando Collor de Mello passou
a ser o centro da política alagoana,
aparentemente sua última possibilidade de vitória eleitoral.
Em 2000, Collor disputou a Prefeitura de São Paulo. Fez campanha, mas teve sua candidatura indeferida a poucos dias da eleição.
Obteve apenas 16.364 votos (0,3%
do total), todos anulados.
Quem mais perde com o retorno de Collor ao Estado é o recém-eleito alvo dos órgãos de comunicação do ex-presidente, o governador Ronaldo Lessa (PSB), que
vinha se afirmando como principal liderança política de Alagoas.
A crise que marcou o início da
estratégia de Collor rumo a 2002
foi deflagrada com a publicação
de denúncias, pelos veículos da
Organização Arnon de Mello, sobre cartas deixadas pelo ex-policial José Cícero Carlota, morto em
1995. Ele escreveu ter sido pago
por Lessa para matar o ex-coronel
Cavalcante, acusado pelo assassinato do delegado Ricardo Lessa,
irmão do governador.
Lessa reagiu indo a Brasília reclamar com o Ministério da Justiça e chamando Collor de Lúcifer.
Na semana passada, ele declarou
à Folha: "Não estou preocupado
com a repercussão do episódio
dentro do Estado, porque sei que
aqui ninguém o leva a sério, mas
sim com a imagem de Alagoas para o resto do país". Não é o que
parece. Maceió está repleta de faixas com o texto: "Lúcifer voltou.
Estamos com você, governador".
Trunfo eleitoral
Os veículos de comunicação de
Collor são seu principal trunfo
político para a disputa de 2002. A
TV Gazeta de Alagoas, retransmissora da Rede Globo no Estado, é a única cujo sinal chega a todas as cidades do interior.
Nas mesmas semanas em que as
denúncias contra Lessa foram
veiculadas, reportagens da TV
Gazeta mostravam visitas de Fernando Collor a representantes
dos setores que devem ser sua
principal sustentação nas próximas eleições. Fazendeiros, usineiros, empreiteiros e intelectuais locais. Até agora, a principal opção
do ex-presidente é, segundo seus
aliados, a candidatura ao Senado.
Para isso, Collor afirma que vai
continuar a contar com o PRTB.
"Não há nenhuma hipótese de
que eu mude para um partido
maior", afirma o ex-presidente.
A receita é a mesma que ele já
tentou com o PRN (Partido da reconstrução Nacional) na época de
sua candidatura à Presidência da
República: torná-lo um grande
partido. Mas os números mostram que a força política do PRTB
está concentrada no cacife eleitoral de Collor.
Nas últimas eleições municipais, o partido fez, em todos os
outros Estados, 1 prefeito, 4 vice-prefeitos e cerca de 200 vereadores, segundo afirma seu presidente, Levi Fidélix. Em Alagoas, o
PRTB tem 18 dos 102 prefeitos do
Estado. Nos bastidores, o grupo
de Collor contabiliza o apoio de
40 prefeitos em Alagoas.
Aliança política
Além disso, Collor tem também
em seu partido o presidente da
Assembléia Legislativa, Antônio
Albuquerque, responsável por
um acordo que, em novembro de
1999, garantiu maioria para Lessa.
Pelo acordo, 14 deputados (o
chamado "grupo dos 14"), parte
deles ligada ao ex-presidente, indicaram afilhados políticos para
cargos importantes na administração. Com isso, o governador
Ronaldo Lessa passou a ter 24 dos
27 votos dos deputados estaduais.
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