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Para pesquisador, estudo indica queda na qualidade do ensino
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O autor do estudo do Ipea, Carlos Alberto Ramos, afirma que o
fato de a rede pública passar a
atender uma maior quantidade
de pobres é bom. Mas pondera
que a saída de pessoas em melhor
situação social indica que esse fenômeno acontece ao mesmo tempo em que cai a qualidade do ensino público.
Para ele, se a qualidade do ensino aumentasse, os mais ricos voltariam a frequentar a escola pública. Estatisticamente, a proporção
de pobres que frequentam o ensino público em relação aos ricos
diminuiria.
Ou seja, o governo estaria gastando mais dinheiro com quem
pode pagar escola. Mas, segundo
Ramos, isso não poderia ser considerado ruim, pois seria prova de
que o ensino público seria de boa
qualidade.
"O acesso e a cobertura do serviço melhorou, mas se os mais ricos
estão saindo a qualidade deve ter
piorado", disse Ramos.
A argumentação de Ramos derruba um dos pontos mais defendidos pelo governo: de que o gasto social bom é aquele que cada
vez mais é direcionado para os
mais pobres. Se essa concentração
se deve a uma queda na qualidade, o professor de economia afirma que é preciso rever esse conceito. A preocupação de Ramos é
que a qualidade pode continuar se
deteriorando, pois a capacidade
de organização dos mais pobres é
menor que a dos mais ricos.
O ministro da Saúde, José Serra,
rechaça essa tese. "A idéia de que
uma suposta migração dos mais
ricos para a área privada deterioraria a área pública porque são esses setores os que mais pressionariam para que o sistema público
tivesse melhor qualidade é uma
tolice", argumentou.
Para o ministro, a pressão principal pelas melhoras vem da mídia, que sempre procura ver o que
acontece com os mais pobres.
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