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BANHO DE MARX
Alunos nadam de manhã e lêem à tarde
Esquerda decide ler
"O Capital" na praia
XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A PERUÍBE (SP)
Como a contradição é o ponto
forte do marxismo, uma ala da
esquerda brasileira não poderia
escolher lugar aparentemente
mais avesso para estudar "O Capital" do que as praias da Juréia,
onde o PCO (Partido da Causa
Operária) montou um acampamento comunista nestas férias.
Em barracas, com divisão
igualitária de tarefas, da cozinha
à limpeza dos banheiros, 90 alunos de 15 a 65 anos concluem
amanhã, depois de uma imersão
de duas semanas, o "Curso de
Formação Marxista - Introdução ao estudo da monumental
obra de Karl Marx: O Capital".
Veio gente de vários Estados,
filiados ou apenas simpatizantes
do PCO, partido de linha trotskista -de Leon Trótski (1879-1940), um dos líderes da revolução soviética de 1917.
"Essa confusão toda do capitalismo no mundo mostra que as
críticas de Karl Marx (1818-1883) estão cada vez mais vivas,
embora muita gente tenha tentado enterrar à força sua teoria",
diz um entusiasmado senhor de
65 anos, o engenheiro mecânico
desempregado Norberto Stephano Irsigler, que mora em Belo Horizonte e começou a militar na esquerda há quatro anos.
O aluno mais velho da turma
ocupa também uma das barracas do acampamento de férias
da Aliança da Juventude Revolucionária, organização do PCO
responsável pelo curso.
A rotina na praia de Guaraú,
na reserva ecológica da Juréia,
em Peruíbe, no litoral paulista,
não foi moleza. Apenas a manhã
era livre para um mergulho.
As obrigações começavam logo após o almoço, com a reunião de grupos de estudos para
discutir os assuntos polêmicos
do curso, comandado pelo professor Rui Costa Pimenta, presidente do PCO e pré-candidato
do partido à sucessão de Fernando Henrique Cardoso.
Às 17h, o início das aulas, com
duração de até quatro horas. Miséria no Brasil e crise na Argentina foram os assuntos mais comentados. "O socialismo é inevitável, mais tarde ou mais cedo", anima-se o estudante Augusto Rolim Saraiva, 16, que veio
de Brasília, de ônibus.
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