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São Paulo, terça-feira, 28 de janeiro de 2003

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Fome Zero testará a distribuição de cupons e de dinheiro no Piauí

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O programa Fome Zero, que será lançado no próximo dia 30, terá um primeiro semestre de testes no Piauí, com a implementação de dois sistemas diferentes, dos quais um será posteriormente adotado pelo governo federal.
Um dos sistemas será baseado na distribuição de dinheiro; o outro, na distribuição de cupons. O tema é polêmico dentro do PT e do governo. Há defensores dos dois modelos. Para acomodar as duas correntes, haverá a implementação simultânea: aquele que der certo será adotado.
"No Fome Zero, não temos dogmas. Estamos aprendendo com quem já fez trabalho de segurança alimentar", disse ontem o coordenador de mobilização social do Fome Zero e assessor especial da Presidência, Frei Betto, em Porto Alegre, no Fórum Social Mundial.
"A decisão do programa é seguir um pouco características próprias de cada região. Em outras palavras, as duas medidas [dinheiro ou cupons] serão provisoriamente adotadas e conferidas para ver qual das duas apresenta melhor qualidade", disse. Ele não esclareceu se, após a fase experimental, o modelo será unificado em todo o país ou se o dinheiro poderia ser adotado em algumas regiões, e os cupons em outras.
"Não estamos inventando a roda", disse o assessor presidencial, que não quis entrar em detalhes sobre os sistemas ou sobre "as 25 diferentes políticas públicas que serão adotadas no programa". Frei Betto se disse resignado com a possibilidade de que "muita gente, com excelentes propostas, fará um programa assistencialista". "Estamos conscientes disso, mas, para quem está passando fome, sendo ou não assistencialista, que venha logo o alimento."
Mesmo assim, ele pede às entidades promotoras locais do programa (ONGs e prefeituras) que evitem o assistencialismo ("quem destinar alimentos, que procure fazê-lo da forma menos assistencialista possível") e o tornem "mais educativo", pois "se trata de uma iniciativa de inclusão social".
"Tentaremos sempre, a partir do governo, dar a orientação para que ele seja um programa a longo prazo de inclusão social", disse o assessor da Presidência. Quanto às críticas que o Fome Zero vem sofrendo, Frei Betto declarou: "O programa nem foi lançado, as pessoas nem conhecem seu formato e já o criticam. Acho isso uma precipitação, mas é muito bom o debate e a divulgação".
Segundo Frei Betto, os fundos internacionais de combate à fome já começam a receber depósitos.


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