|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fome Zero testará a distribuição
de cupons e de dinheiro no Piauí
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O programa Fome Zero, que será lançado no próximo dia 30, terá
um primeiro semestre de testes
no Piauí, com a implementação
de dois sistemas diferentes, dos
quais um será posteriormente
adotado pelo governo federal.
Um dos sistemas será baseado
na distribuição de dinheiro; o outro, na distribuição de cupons. O
tema é polêmico dentro do PT e
do governo. Há defensores dos
dois modelos. Para acomodar as
duas correntes, haverá a implementação simultânea: aquele que
der certo será adotado.
"No Fome Zero, não temos dogmas. Estamos aprendendo com
quem já fez trabalho de segurança
alimentar", disse ontem o coordenador de mobilização social do
Fome Zero e assessor especial da
Presidência, Frei Betto, em Porto
Alegre, no Fórum Social Mundial.
"A decisão do programa é seguir um pouco características
próprias de cada região. Em outras palavras, as duas medidas
[dinheiro ou cupons] serão provisoriamente adotadas e conferidas
para ver qual das duas apresenta
melhor qualidade", disse. Ele não
esclareceu se, após a fase experimental, o modelo será unificado
em todo o país ou se o dinheiro
poderia ser adotado em algumas
regiões, e os cupons em outras.
"Não estamos inventando a roda", disse o assessor presidencial,
que não quis entrar em detalhes
sobre os sistemas ou sobre "as 25
diferentes políticas públicas que
serão adotadas no programa".
Frei Betto se disse resignado com
a possibilidade de que "muita
gente, com excelentes propostas,
fará um programa assistencialista". "Estamos conscientes disso,
mas, para quem está passando fome, sendo ou não assistencialista,
que venha logo o alimento."
Mesmo assim, ele pede às entidades promotoras locais do programa (ONGs e prefeituras) que
evitem o assistencialismo ("quem
destinar alimentos, que procure
fazê-lo da forma menos assistencialista possível") e o tornem
"mais educativo", pois "se trata de
uma iniciativa de inclusão social".
"Tentaremos sempre, a partir
do governo, dar a orientação para
que ele seja um programa a longo
prazo de inclusão social", disse o
assessor da Presidência. Quanto
às críticas que o Fome Zero vem
sofrendo, Frei Betto declarou: "O
programa nem foi lançado, as
pessoas nem conhecem seu formato e já o criticam. Acho isso
uma precipitação, mas é muito
bom o debate e a divulgação".
Segundo Frei Betto, os fundos
internacionais de combate à fome
já começam a receber depósitos.
Texto Anterior: Cidade-piloto do programa vai ter menos beneficiados que o necessário Próximo Texto: Entrevista: PT erra no combate à miséria, diz tucano Índice
|