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São Paulo, terça-feira, 28 de janeiro de 2003

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CASO SILVEIRINHA

Afastamento de 7 profissionais, acusados de enviar US$ 33 mi para Suíça, foi determinado pela corregedoria

Receita afasta suspeitos, e apuração inclui mais 1 auditor

TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Os sete auditores fiscais da Receita Federal suspeitos de participar de um suposto esquema de corrupção que enviou US$ 33,4 milhões para contas na Suíça foram afastados do trabalho por 60 dias, prorrogáveis por mais 60.
O afastamento foi anunciado em portaria assinada na última sexta pelo corregedor da Receita Federal, Moacir Ferreira Leão. A corregedoria incluiu ontem o nome da auditora fiscal Márcia Rodrigues da Rocha na investigação.
Pelo que foi apurado até agora, o esquema envolveria oito auditores da Receita e quatro fiscais de renda do Estado do Rio, entre eles o subsecretário de Administração Tributária da gestão do governador Anthony Garotinho (1999-abril de 2002), Rodrigo Silveirinha Corrêa. A auditora não foi incluída na lista dos afastados.
Por meio dos advogados Clóvis Sahione e Paulo Ramalho, os suspeitos têm dito que não enviaram dinheiro para a Suíça nem extorquiram empresas do Estado.
"Eles [os sete fiscais afastados] não terão acesso às dependências da Receita Federal ou a qualquer documento da Receita, mesmo que tenha sido produzido por um deles. Essa é uma ação cautelar que pode ser prorrogada", afirmou o corregedor da Receita.
Os auditores continuam recebendo salário, já que ainda não foram julgados e condenados pelo suposto crime. Segundo o corregedor, a comissão de inquérito da Receita já foi informada do afastamento, assim como os chefes dos auditores. O corregedor estará no Rio de Janeiro na quinta-feira para acompanhar a investigação.
A comissão de inquérito da corregedoria enviará esta semana ao Ministério Público Federal no Rio pedido para que sejam incluídos na apuração os auditores, entre eles Márcia Rodrigues da Rocha.
A corregedoria do órgão suspeita que ela e Maria Rodrigues da Rocha, beneficiária da conta do auditor Hélio Lucena Ramos da Silva, sejam a mesma pessoa.
A Folha apurou que, no cadastro da Receita Federal, Marcia Rodrigues da Rocha consta com o mesmo endereço, em Niterói (cidade a 14 km do Rio), e o mesmo telefone de Ramos da Silva.
Outro fator considerado pela corregedoria é a data de nascimento das duas, que difere só no ano. Segundo documento da conta na Suíça, Maria nasceu em 21 de setembro de 1957. De acordo com a corregedoria, a auditora nasceu em 21 de setembro de 1956.
A corregedoria considerou as coincidências como "indícios veementes" de que Márcia e Maria seriam a mesma pessoa.
A conta 182.358ZS, em nome de Ramos da Silva, foi aberta em 23 de maio de 2002, com um depósito de US$ 98 mil. Hoje, haveria US$ 476 mil na conta, bloqueada pelo Ministério Público da Suíça.
A Folha tentou entrar em contato com a auditora no telefone de sua casa, mas, até a conclusão desta edição, a reportagem não havia conseguido localizá-la.


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