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ANÁLISE
Lula erra ao mencionar números
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu discurso no Fórum Social Mundial, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva foi além do
clássico hábito dos governantes
de exibir os números favoráveis e
omitir os desfavoráveis: boa parte
dos dados citados estava simples e
grosseiramente errada.
Lula disse ter assumido o país
com um déficit nas transações
com o exterior de US$ 32 bilhões,
hoje transformado em superávit
de US$ 10 bilhões. Isso só seria
verdade se o petista tivesse vencido as eleições presidenciais de
1998, quando o déficit brasileiro
foi de US$ 33,4 bilhões.
No segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, esse
déficit foi caindo a cada ano, até
chegar a apenas -na comparação com o número citado por Lula- US$ 7,6 bilhões em 2002.
As principais causas da redução
do déficit foram a estagnação da
economia e a megadesvalorização
do real no período, que impulsionou as exportações e inibiu o crescimento das importações. Nos
seus dois primeiros anos de mandato, Lula pôde comemorar superávits, ajudados ainda pelo momento favorável do comércio internacional.
Para este ano, em razão da valorização do real e da recuperação
da economia, o Banco Central
prevê superávit zero.
Outro erro: o risco-país não era
de 2.400 pontos quando Lula chegou ao governo, e sim de 1.446
pontos. O patamar citado ocorreu
durante a campanha eleitoral.
Tampouco foram criados, no
ano passado, os "quase 2 milhões
de empregos com carteira assinada" apregoados pelo presidente.
A previsão do governo de 1,8 milhão de empregos não se cumpriu: foi 1,5 milhão.
Perto de tudo isso, passa como
equívoco menor Lula ter trocado
dólares por reais ao exibir os resultados do comércio exterior,
além de ter exagerado o número
do saldo de 2004 -R$ 36 bilhões,
em vez dos US$ 33,7 bilhões registrados. Ou ter chamado Néstor
Kirchner de Carlos Menem.
(GUSTAVO PATU)
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