São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

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ANÁLISE

Lula erra ao mencionar números

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu discurso no Fórum Social Mundial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi além do clássico hábito dos governantes de exibir os números favoráveis e omitir os desfavoráveis: boa parte dos dados citados estava simples e grosseiramente errada.
Lula disse ter assumido o país com um déficit nas transações com o exterior de US$ 32 bilhões, hoje transformado em superávit de US$ 10 bilhões. Isso só seria verdade se o petista tivesse vencido as eleições presidenciais de 1998, quando o déficit brasileiro foi de US$ 33,4 bilhões.
No segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, esse déficit foi caindo a cada ano, até chegar a apenas -na comparação com o número citado por Lula- US$ 7,6 bilhões em 2002.
As principais causas da redução do déficit foram a estagnação da economia e a megadesvalorização do real no período, que impulsionou as exportações e inibiu o crescimento das importações. Nos seus dois primeiros anos de mandato, Lula pôde comemorar superávits, ajudados ainda pelo momento favorável do comércio internacional.
Para este ano, em razão da valorização do real e da recuperação da economia, o Banco Central prevê superávit zero.
Outro erro: o risco-país não era de 2.400 pontos quando Lula chegou ao governo, e sim de 1.446 pontos. O patamar citado ocorreu durante a campanha eleitoral.
Tampouco foram criados, no ano passado, os "quase 2 milhões de empregos com carteira assinada" apregoados pelo presidente. A previsão do governo de 1,8 milhão de empregos não se cumpriu: foi 1,5 milhão.
Perto de tudo isso, passa como equívoco menor Lula ter trocado dólares por reais ao exibir os resultados do comércio exterior, além de ter exagerado o número do saldo de 2004 -R$ 36 bilhões, em vez dos US$ 33,7 bilhões registrados. Ou ter chamado Néstor Kirchner de Carlos Menem.
(GUSTAVO PATU)


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