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Serviço federal que processa dados
contrata sem licitação, diz sindicato
ANDRÉA MICHAEL
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Serpro (Serviço Federal de
Processamento de Dados), presidido por Henrique Costabile, é o
principal alvo de uma denúncia
do Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Distrito Federal
encaminhada à Controladoria
Geral da União. A entidade acusa
a empresa de ter se transformado
em um "balcão de negócios" por
meio do qual são feitos contratos
sem licitação.
O documento não menciona
quais seriam esses beneficiados,
mas especifica que o Serpro estaria forjando contratos "sob o
manto da manipulação da situação de emergência".
A Folha apurou que entre os
contratos supostamente irregulares estaria um com a License
Company Informática Ltda., que
integra o Grupo TBA. Mediante
tomada de preços, a empresa,
mesmo tendo chegado atrasada à
entrega das propostas comerciais,
no dia 12 de fevereiro, conseguiu
ganhar um contrato de R$ 5,8 milhões, valor que receberá para
prestar serviços ao Ministério do
Planejamento.
A licitação foi dispensada com
base no artigo 24 da Lei 8.666/93,
segundo o qual é possível tal procedimento em casos de "emergência ou calamidade pública". A
License nega irregularidades.
Ex-diretor de Loterias da Caixa
Econômica Federal, Costabile está sendo investigado pelo Ministério Público Federal em Brasília
no âmbito de cinco procedimentos administrativos no qual já foram identificadas irregularidades
no contrato firmado entre o banco e a GTech, a multinacional responsável pela operação do sistema de loterias no país -um negócio de cerca de R$ 790 milhões.
As investigações relacionadas à
GTech tornaram-se públicas em
meio ao caso Waldomiro Diniz. O
ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República reuniu-se com diretores da
empresa em 2003. Os encontros
teriam servido para tentar acertar,
com a intermediação de Waldomiro, a renovação do contrato da
multinacional com a Caixa, o que
efetivamente aconteceu em abril
do ano passado.
Em São Paulo, cuidando do pai,
que está doente, Costabile não falou com a Folha.
No Ministério do Planejamento,
a demanda pelos serviços repassados pelo Serpro à License foi
apresentada pelo secretário-executivo-adjunto da pasta, Elvio
Gaspar. Em nota pública divulgada ontem, ele informa que o ministério "contratou o Serpro e não
a TBA para a realização de serviços de informática". Diz ainda:
"Participei, dentro e limitado às
minhas atribuições e responsabilidades, das negociações para essa
contratação".
Elvio Gaspar, como Waldomiro, integrou a gestão da petista Benedita da Silva no governo do Rio
de Janeiro, em 2002: Waldomiro
como presidente da Loterj e Gaspar, na Secretaria de Planejamento, Desenvolvimento Econômico
e Turismo.
Os serviços que o Ministério do
Planejamento demandou ao Serpro somam, na verdade, R$ 25,3
milhões -do qual o negócio com
a License é uma fatia. O extrato do
contrato, cujo objeto é o fornecimento de serviços de informática,
foi publicado no "Diário Oficial"
da União na quinta-feira, sete dias
depois que o informativo oficial
do governo tornou pública a contratação da empresa ligada ao
grupo TBA.
Na mesma quinta-feira, o "DO"
informa a contratação, mediante
carta-convite, da empresa Efatec,
também integrante do Grupo
TBA. O contrato de R$ 62 mil para
prestar serviços ao Ministério do
Planejamento também será intermediado pelo Serpro.
Em meio ao caso Waldomiro, a
Folha revelou que o ex-assessor
palaciano foi sócio de Maria Estela Boner Léo em uma faculdade
de informática em São Paulo. Ela
é sócia da empresa TBA. Waldomiro participou da sociedade durante dez meses do primeiro ano
do governo Lula.
A assessoria de imprensa da
TBA informa que a empresa não
tem nenhuma ligação com a Faculdade Interfutura, qualificada
como uma iniciativa particular de
Maria Estela. A empresa nega relação com Waldomiro.
Maria Estela disse à Folha que
Waldomiro possuía 2% do capital
social da Faculdade Interfutura,
em São Paulo, destinada à formação de analistas de sistemas. Ainda segundo a empresária, a sociedade teria sido desfeita em outubro do ano passado.
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